Eduardo Campos e Marina Silva durante evento do PSB para anunciar a chapa presidencial para a eleição de 2014, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 22h15.
São Paulo - A oscilação negativa da intenção de voto da presidente Dilma Rousseff (PT) não se reverteu em um aumento da preferência do eleitorado para os pré-candidatos de oposição. "Dilma tem uma oscilação negativa que é significativa, porque pode indicar uma tendência de queda, mas o que a gente vê é uma estabilidade cômoda das candidaturas de oposição", afirma o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC, ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado.
Segundo o especialista, no retrato exibido nesta quinta-feira, 17, pela pesquisa Ibope, é interessante notar que, apesar de ter um desempenho melhor do que o de Eduardo Campos (PSB), a ex-senadora Marina Silva (PSB) não parece conseguir extrair votos nem de Dilma nem de Aécio Neves (PSDB). Marchetti também chama atenção para o fato de que votos brancos, nulos e indecisos somam 37%, o mesmo porcentual de intenção de votos da favorita, Dilma Rousseff.
Diante desse cenário, o cientista político acredita que há pouco espaço para uma terceira via, o objetivo de Campos. "É bem possível que ainda tenhamos uma eleição no padrão dos anos anteriores, em que o PSDB e o PT dividiram boa parte dos votos", disse Marchetti.
Ele lembra que mais da metade dos votos válidos tem se concentrado nas candidaturas dessas duas siglas desde 1994 e que, considerando as pesquisas recentes, uma alternativa a essa polarização não se consolidou. Para ele, o discurso de esgotamento da polarização está "mais no Facebook do que nas urnas".
Marchetti pondera, porém, que ainda é cedo para avaliar os potenciais de cada candidato, até porque o eleitor ainda não entrou na campanha. "As pesquisas apontam tendências, que definem a maneira como o eleitor vai entrar na campanha. E, neste momento, elas mostram que a polarização vai imperar", afirmou. "O eleitor ainda está funcionando de modo antagônico, fazendo a polarização. E Dilma ainda está numa posição confortável, mesmo com as quedas e com um cenário não tão positivo quanto antes."
Para o especialista, as pesquisas mostram o tamanho da tarefa que Campos terá pela frente até outubro. "A candidatura de Campos não é tão fraca a ponto de não levar a eleição para o segundo turno, mas vai ter muito trabalho para ir para esse segundo turno", avaliou.