Marcelo Odebrecht, à direita, e Otávio Marques Azevedo sendo escoltado pela Polícia Federal em Curitiba (REUTERS/Rodolfo Burher)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2015 às 18h28.
São Paulo - O agente penitenciário federal Alexandre Martins Ribeiro disse que o empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da maior empreiteira do país, 'escreve bilhetes o tempo todo'.
Preso sexta-feira, 19, pela Erga Omnes, 14.ª fase da Operação Lava Jato, por suspeita de corrupção e cartel na Petrobras, Marcelo Odebrecht ocupa uma cela da Custódia da PF em Curitiba, base da Lava Jato.
Na segunda-feira, 22, às dez horas da manhã, a PF abriu um bilhete manuscrito do empreiteiro onde ele anotou a frase 'destruir e-mail sondas'.
Na avaliação preliminar dos investigadores, o pedido escrito por Marcelo Odebrecht é um indício de que ele estaria passando orientação para eliminar uma correspondência eletrônica de 2011 que faz referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia em contrato de afretamento e operação de sondas.
Os advogados da Odebrecht entregaram petição na noite desta terça-feira, 23, ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, em que afirmam que o bilhete encontrado com o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, com a expressão 'destruir e-mail sondas' não significa intenção dele em eliminar provas.
"As anotações não continham o mais remoto comando para que provas fossem destruídas, e que - à toda evidência - a palavra destruir fora empregada no sentido de desconstituir, rebater, infirmar a interpretação equivocada que foi feita sobre o conteúdo do e-mail", diz o documento subscrito pelos advogados criminalistas Dora Cavalcanti, Augusto de Arruda Botelho e Rodrigo Sánchez Rios.
Para os defensores da empreiteira "as considerações do ilustre delegado que se seguiram fazem antever a lastimável determinação de criar uma celeuma onde não existe".
Os advogados da empreiteira, no entanto, são categóricos. "A fim de evitar tumulto, optou a defesa por narrar esses fatos diretamente a Vossa Excelência, de modo a preservar o assistido (Marcelo) e seus advogados de ter que enfrentar hipótese que muito se assemelha a um 'flagrante preparado'".
Os advogados destacam que 'o sentido absolutamente neutro e próprio do combate jurídico do termo destruir, aniquilar, refutar, emana cristalino da leitura das demais anotações registradas nas duas folhas sulfite fotografadas antes de serem entregues aos patronos'.
"Afinal, abaixo das palavras "destruir e-mail sondas" estão registrados os argumentos e fatos que deveriam ser invocados para elucidar o teor do dito e-mail apresentado como comprometedor", pondera a defesa.