Marcelo Odebrecht: executivo disse que Temer não mencionou a doação de R$ 10 milhões (Kiyoshi Ota/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de março de 2017 às 09h22.
Última atualização em 3 de março de 2017 às 12h29.
Brasília e Curitiba - O executivo e ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht confirmou nesta quarta-feira, dia 1º, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral, ter se encontrado com o presidente Michel Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014, mas negou ter acertado um valor para a doação diretamente com o peemedebista.
De acordo com o empreiteiro, as tratativas para o repasse foram feitas entre o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo Filho. Ele admitiu que parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2.
Marcelo Odebrecht disse que não houve um pedido direto de valores para o PMDB pelo então vice-presidente da República. Segundo relatos, ele afirmou que o valor de R$ 10 milhões já estava acertado anteriormente e que o encontro foi apenas protocolar.
Em anexo de delação premiada que vazou em dezembro, Melo Filho, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, mencionou jantar no Palácio do Jaburu no qual, segundo ele, Temer teria pedido pessoalmente "auxílio financeiro" ao empreiteiro, que se comprometeu com R$ 10 milhões.
Ao depor nesta quarta em Curitiba, Marcelo Odebrecht disse que Temer não mencionou a doação de R$ 10 milhões.
Ele confirmou que o jantar foi feito no momento em que o grupo de Temer negociava uma doação da Odebrecht para apoiar candidatos do partido.
O encontro no Jaburu serviria para selar o acordo de que R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões ao grupo do PMDB de Temer seriam encaminhados para a campanha de Paulo Skaf para o governo de São Paulo, também em 2014.
De acordo com Marcelo Odebrecht, só após a saída do vice-presidente do local, ele conversou com Padilha e com Melo sobre o tema. Ainda de acordo com ele, parte dos R$ 6 milhões não chegou a ser paga.
Marcelo Odebrecht disse ainda à Justiça Eleitoral que a interlocução com o PMDB era dispersa. Os executivos da empresa tinham relação com os Estados, enquanto Melo atuava dentro do Senado, em contato com o atual presidente do partido, Romero Jucá (RR).
Na Câmara, o contato era com Padilha - mas também foi mencionado o nome do deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), que mantinha relação com o empresariado.
Em nota na sexta-feira, dia 24, Temer afirmou que, "quando presidente do PMDB, pediu auxílio formal e oficial" à Odebrecht.
"A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral", diz a nota.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.