Waldir Maranhão: aliados do presidente interino afirmam que ele tem dito que "não tem chance" de renunciar ao cargo (Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2016 às 22h17.
Brasília - O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), ganhou prazo até quinta-feira, 12, para decidir sobre a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara e, com isso, tentar se livrar de um processo de cassação de mandato no Conselho de Ética da Casa e da expulsão do partido.
Líderes partidários reunidos no início da noite desta terça-feira, 10, não atenderam ao pedido de Maranhão para que esperassem até a próxima semana, mas concordarem em dar mais um dia de prazo para o presidente interino. O limite fixado anteriormente era nesta quarta-feira, 11, ao meio-dia.
Aliados do presidente interino afirmam que ele tem dito que "não tem chance" de renunciar ao cargo de 1º vice-presidente da Casa, pelo menos até o fim desta semana, como querem líderes da oposição e aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Segundo pelo menos três deputados próximos ao parlamentar maranhense, ele acredita que a votação no Senado do afastamento da presidente Dilma Rousseff prevista para esta quarta-feira e a sucessiva posse do vice-presidente Michel Temer no dia seguinte, 12, devem ajudar a diminuir a pressão por sua renúncia.
Desde que decidiu anular a tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, Maranhão passou a sofrer forte pressão para renunciar ao cargo de vice-presidente. Na madrugada desta terça-feira, o presidente interino revogou o ato inicial, mas não arrefeceu o movimento de deputados pela renúncia.
Pressão
O PP e líderes da oposição e do chamado "centrão" (PSD, PR, PTB, PSC, dentre outros) estão tentando negociar a renúncia de Maranhão. Oferecem em troca a retirada da representação protocolada pelo DEM e PSD contra ele no Conselho de Ética e que pode levar a sua cassação.
Mais cedo, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) procurou o líder do DEM na Câmara e vice-presidente nacional do partido, deputado Pauderney Avelino (AM), para pedir que ele recuasse da representação. Segundo Lopes, mesmo contrariado, Avelino sinalizou que a retiraria, caso Maranhão renunciasse até a manhã desta quarta-feira.
Antes disso, Lopes tinha procurado Maranhão para pedir que ele renunciasse. De acordo com o deputado fluminense, o presidente interino pediu até a manhã desta quarta-feira para dar uma resposta. Aliados de Maranhão dizem, contudo, que ele só deu essa resposta para tentar diminuir, pelo menos por hora, a pressão contra ele.
Aliados lembram que a renúncia é uma decisão unilateral de Maranhão e que, apesar da pressão, ele não tem motivos para renunciar agora. Segundo eles, tanto um processo de cassação no Conselho de Ética quanto de expulsão dele do PP levariam pelo menos três meses para serem concluídos.
O presidente em exercício alegou que precisa ir ao Maranhão conversar com a família e com aliados como o governador Flávio Dino (PCdoB). Segundo parlamentares que estiveram com Maranhão, uma das saídas para o presidente interino da Câmara seria se licenciar do mandato de deputado para assumir uma secretaria no Maranhão. Dino e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, foram os responsáveis por convencer Maranhão a anular as sessões da Câmara que levaram ao impeachment.
"A constatação definitiva é que Maranhão não tem condição de continuar no cargo. Agora é organizar a saída dele para a Casa voltar à normalidade", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). "Quinta-feira é o prazo para ele renunciar. Provavelmente quinta-feira teremos um novo presidente da República. A Câmara não pode ficar submetida a um presidente que desqualificou o parlamento", afirmou o tucano.
Imbassahy criticou possível composição para que Maranhão assuma uma secretaria estadual e se licencie da Câmara. "Com todo respeito ao governador Flávio Dino, ele prestou um desserviço ao País. Esse tipo de arranjo (nomear Maranhão secretário) tem que ser muito cuidadoso, não acho que seja uma boa solução", declarou.