O ministro da Fazenda, Guido Mantega: "eles [os chineses] estão colaborando" (Lailson Santos/EXAME)
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2010 às 14h26.
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, saudou nesta terça-feira o aumento do juro pela China, que contribuía para a alta do dólar em todo o mundo.
Questionado por jornalistas se a decisão do banco central da China de elevar o juro em 0,25 ponto percentual contribui para a questão do câmbio, Mantega afirmou: "ajuda sim."
"Pode valorizar um pouco a moeda deles. Vai na direção correta. Eles estão colaborando", acrescentou.
Às 13h26, o dólar subia 1,50 por cento, a 1,691 real. Ante uma cesta com as principais divisas, o dólar tinha valorização de 1,4 por cento.
A surpresa na China, que elevou o juro pela primeira vez desde 2007, se somava ao impacto do aumento para 6 por cento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ao capital estrangeiro destinado a aplicações de renda fixa, anunciado na véspera por Mantega para frear a queda do dólar no Brasil.
É o roteiro inverso de apenas duas semanas atrás: quando o governo subiu o IOF pela primeira vez no mês, de 2 para 4 por cento, o mercado derrubou o dólar em 1 por cento no dia seguinte, ao menor valor em mais de 2 anos.
Naquela ocasião, foi o banco central do Japão que roubou a cena, mas no sentido inverso , com corte da taxa básica de juro a virtualmente zero para estimular a economia local.
A reação mais intensa da taxa de câmbio às notícias internacionais que às medidas tributárias anunciadas pelo governo reforça a avaliação de analistas de que o que tem ocorrido é uma queda global do dólar, e não uma valorização exclusiva da moeda brasileira.
"O país enfrenta desafios importantes, mas outros países, para não dizer a maioria, enfrentam problemas semelhantes. Nos últimos seis meses o real foi a 26a moeda mais valorizada", escreveu André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, em relatório a clientes. Se considerado um intervalo mais curto, de três meses, a valorização do real sobre o dólar foi a 49a se comparada a outras moedas, segundo o economista.