Brasília: os arquitetos Leiliane Rebouças e Cristiano Nascimento protestam contra cerca (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2013 às 13h21.
Brasília – Integrantes do Movimento Urbanistas por Brasília protestaram hoje (17) contra a construção de uma cerca no gramado ao lado da Câmara dos Deputados, ao lado da Via S1, na Esplanada dos Ministérios. Embora parte da estrutura tenha sido retirada ontem (16) à tarde, a parte da cerca próxima à cúpula da Câmara, que existe há quase 20 anos, foi mantida.
Com pregadores, manifestantes afixaram cartazes ao longo da cerca. Segundo eles, a estrutura, que tem bases de concreto, fere o projeto arquitetônico de Brasília, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1987. Do outro lado da Esplanada, o gramado próximo ao Senado permanece sem nenhum tipo de cercamento.
“Brasília é uma cidade conhecida pela educação das pessoas. Uma placa basta para orientar os pedestres e garantir a segurança. A Câmara não precisa gastar dinheiro público com uma cerca que fere o patrimônio da cidade”, critica Leiliane Rebouças, integrante do movimento Urbanistas por Brasília. Ela faz mestrado em turismo na Universidade de Brasília (UnB), na área de patrimônio cultural.
O arquiteto Cristiano Nascimento disse que o cercamento é ilegal porque não tem a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Para erguer qualquer estrutura no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, a Câmara deveria ter consultado o Iphan, que certamente não aprovaria a obra. Eles não podem tratar o Congresso como se fosse o quintal da casa deles”, reclama.
Os manifestantes chegaram a ser repreendidos pela Polícia Legislativa. Eles, no entanto, entraram em acordo e os cartazes puderam ser afixados na cerca por uma hora e meia. Os integrantes do movimento receberam o apoio de turistas que passavam pelo Congresso e de motoristas que paravam para buzinar.
A cerca foi erguida depois da onda de protestos realizados em praticamente todo o país. No entanto, a Câmara alega que a estrutura não tem o objetivo de isolar manifestantes. De acordo com a Casa, o cercamento foi colocado para proteção das pessoas, que descem na parada de ônibus e atravessam a pista fora da faixa de pedestre sob risco de acidente.
A parte da cerca próxima à cúpula da Câmara foi erguida há aproximadamente 20 anos. O argumento dos congressistas é que o cercamento objetivava garantir a segurança de pedestres e veículos que passam a dez metros de altura da parte inferior do prédio. No fim de julho, a Casa estendeu a cerca em 400 metros até a Avenida das Bandeiras, chegando em frente ao Palácio do Itamaraty. Essa extensão foi retirada ontem.