Madetta: aplaudido por apoiadores após ter ficado no cargo (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2020 às 07h01.
Última atualização em 7 de abril de 2020 às 07h03.
A segunda-feira, 6, era para ter sido mais um dia de apresentação de medidas contra o coronavírus. Terminou sendo toda dedicado à crise entre o Planalto e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que quase foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Agora, a expectativa -- e a necessidade -- é de que os esforços de combate à pandemia voltem a ser o foco total do governo nas próximas horas.
O primeiro compromisso deve tirar um dos atrasos de ontem: a equipe econômica realiza uma coletiva no Planalto às 9 horas, com a presença do ministro Paulo Guedes, da Economia, Onyx Lorenzoni, da Cidadania, e Pedro Guimarães, presidente da Caixa. A expectativa é que o grupo anuncie o cronograma da renda emergencial de 600 reais, que deveria ter ocorrido na segunda-feira, 6.
Era também nesta terça-feira, 7, que deveria acabar a quarentena parcial no estado de São Paulo, iniciada no último dia 23 de março. A paralisação agora vai até 22 de abril, conforme decretou o governador João Doria em coletiva ontem — que teve a volta do infectologista David Uip, que lidera os esforços de combate ao coronavírus em São Paulo e estava isolado ao ser infectado com o novo coronavírus.
Já no embate entre o Planalto e o Ministério da Saúde, a coletiva do fim do dia deve continuar reverberando no cenário político. Após um dia classificado como “de nervos à flor da pele” pelo próprio ministro, Mandetta ficou e, em pronunciamento — que fez no Ministério da Saúde ao lado de seus técnicos, e não no Planalto como vinham acontecendo as últimas coletivas — se disse o porta-voz da ciência. Bolsonaro ainda não falou sobre o caso.
Mais cedo, na coletiva diária no Planalto ao lado de outros ministros, um dos técnicos do Ministério havia apresentado plano de que poderiam progressivamente sair da paralisação as cidades e regiões em que menos da metade dos leitos de UTI não estivessem ocupados — ou seja, que não apresentassem superlotação do sistema em meio ao coronavírus.
Seria adotado nestes lugares um modelo de Distanciamento Social Seletivo, com serviços não-essenciais podendo reabrir e isolamento somente de alguns grupos. Atualmente, os lugares paralisados tem Distanciamento Social Ampliado, com todos os grupos isolados e serviços não-essenciais fechados.
Aventou-se a discussão de que o plano era uma forma de acalmar os ânimos do governo. À noite, Mandetta disse que as normas já estavam pensadas antes e que seguem as recomendações da OMS. O ministro disse que o “momento é de isolamento social” e salientou que o que a população passou nas últimas duas semanas não é quarentena ou o chamado lockdown. “Quarentena e lockdown é muito mais duro que isso”, disse. Seja como for, o plano de reduzir o isolamento em alguns lugares não deve começar a ser posto em prática já nos próximos dias.
Enquanto isso, o Brasil tem mais de 12 mil casos de coronavírus e 553 óbitos já confirmados, segundo o último boletim do Ministério da Saúde.