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Mandetta "cruzou a linha da bola" em entrevista, diz Mourão

Mourão afirmou que ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cometeu "falta grave" porque "não precisava ter dito determinadas coisas"

Apesar das críticas, Mourão disse esperar que Bolsonaro não demita Mandetta (Alan Santos/PR/Flickr)

Apesar das críticas, Mourão disse esperar que Bolsonaro não demita Mandetta (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de abril de 2020 às 16h12.

Última atualização em 14 de abril de 2020 às 16h15.

O vice-presidente Hamilton Mourão criticou nesta terça-feira a entrevista dada pelo ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo. Mourão disse que Mandetta "cruzou a linha da bola", utilizando uma expressão do polo para uma "falta grave", porque "não precisava ter dito determinadas coisas". Na entrevista, o ministro defendeu uma unificação do discurso
no combate ao novo coronavírus.

"Vou usar a expressão do polo (esporte), o ministro cruzou a linha da bola ali. Ele não precisava ter dito determinadas coisas", disse Mourão, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", explicando depois: "É uma falta grave no polo. Nenhum cavaleiro pode cruzar na linha da bola. Ele pode acompanhar lado a lado. Ao cruzar a linha da bola, você comete uma falta. Dá um cartão".

Apesar das críticas, Mourão disse que Bolsonaro não deverá demitir Mandetta neste momento e defendeu uma conversa entre os dois:

"Eu acho que existe, no presente momento, muita especulação, muito tititi. Eu julgo que o presidente não deve trocar o ministro nesse momento", disse, acrescentando: "Acho que cabe muito mais uma conversa ali, chamar o Mandetta e dizer: 'vamos acertar a passada, você tem sua opinião, eu tenho a minha, mas quando a gente tiver que discutir esse assunto, a gente discute intramuros e não via imprensa”.

A entrevista diminuiu o apoio de Mandetta dentro do governo. Parte da ala militar do Planalto entende que o ministro não poderia ter criticado publicamente o presidente. Esse grupo considerou a entrevista como uma tentativa de “forçar a sua demissão”. Além disso, a ala de ministros considerados técnicos do governo, como Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Paulo Guedes (Economia), se surpreendeu com a entrevista. Segundo aliados, esse grupo espera que Mandetta continue, mas não haverá exposição em sua defesa.

Na entrevista desta terça-feira, Mourão afirmou que não conversou com os ministros militares sobre a fala de Mandetta, mas disse esperar que eles irão "relevar pequenas coisas" e "buscar a melhor solução para o país":

"Não vou dizer que seja menor (o apoio a Mandetta), até porque não tive uma conversa com eles para saber da visão efetiva em relação aos fatos que ocorreram", relatou." É uma situação de calamidade, mesmo, complicada. De modo que nessa hora a gente tem que relevar pequenas coisas e avançar no sentido de buscar a melhor solução para o país. Vejo que os nossos companheiros vão trabalhar nesse sentido".

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