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Manaus exonera médicos suspeitos de furar fila na vacinação contra a covid-19

As exonerações foram publicadas no Diário Oficial do Município

Manaus: no site Imuniza Manaus, consta que ambas receberam a segunda dose da vacina quatro dias após o pedido de exoneração de seus cargos (Gonzalo Fuentes/Reuters)

Manaus: no site Imuniza Manaus, consta que ambas receberam a segunda dose da vacina quatro dias após o pedido de exoneração de seus cargos (Gonzalo Fuentes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 17h21.

A Prefeitura de Manaus exonerou nesta sexta-feira, 12, seis pessoas investigadas por supostamente terem furado a fila de vacinação contra a covid-19. Entre elas, as gêmeas Isabelle e Gabrielle Lins, imunizadas dias após serem nomeadas gerentes de projetos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

Os demais não trabalham na linha de frente do enfrentamento contra o novo coronavírus. As exonerações foram publicadas no Diário Oficial do Município.

No site Imuniza Manaus, consta que ambas receberam a segunda dose da vacina quatro dias após o pedido de exoneração de seus cargos. Os CPFs usados na consulta pela reportagem são os disponíveis na lista oficial de vacinados da Semsa. O caso das irmãs ganhou notoriedade por elas serem herdeiras do grupo empresarial dono do Hospital Nilton Lins, alugado pela segunda vez pelo governo do Estado para funcionar como hospital de campanha para doentes de covid-19.

Também foram exonerados, a pedido, em 1º de fevereiro, os médicos Alessandro Silva Pontes, Carla Angelina Lima Ribeiro, Gabriela Pereira de Aguiar e David Louis de Oliveira Dallas Dias (filho do deputado estadual Wanderley Dallas). A reportagem procurou falar com os profissionais, mas teve retorno apenas da advogada das gêmeas.

Em nota, a defesa afirma que ambas trabalharam "na linha de frente de combate à covid-19" e que "Gabrielle e Isabelle optaram por consignar em juízo a integralidade dos valores por ela recebidos, até que a questão da forma de contratação e qualquer diferença de valor esteja totalmente dirimida pela Justiça. Isto porque não aceitaram o cargo por questão financeira ou para obter qualquer benefício pessoal, mas apenas para exercer a medicina e atuar no combate à crise sanitária sem precedentes que estamos todos vivenciando".

A juíza Jaiza Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, que havia proibido aos supostos fura-filas de tomarem a segunda dose da vacina, afirmou no Twitter, em 11 de fevereiro, que quem descumpriu a determinação pode sofrer penas de improbidade.

"A informação é que a Justiça Federal não autorizou a nenhum fura-fila permanecer no ilícito, descumprindo o Plano Nacional de Imunização do MS (Ministério da Saúde). Pessoas estão morrendo por causa desse tipo de comportamento. Quem repetiu o erro, após o devido processo legal e mediante as provas devidas, sofrerá as penas da ação de improbidade, em razão do dano ao erário, do privilégio ilícito e da infração do princípio da moralidade", tuitou a juíza, sem citar nomes.

Gabrielle foi nomeada como "gerente de projetos" em 18 de janeiro, um dia antes do início da vacinação. Já Isabelle, no mesmo cargo, foi nomeada em 19 de janeiro, mesmo dia em que foi imunizada.

Prisão

No dia 11 foi aprovado no Plenário da Câmara o Projeto de Lei 25/21, do deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), que tipifica os crimes de infração de plano de imunização; peculato de vacinas, bens medicinais ou terapêuticos; e corrupção em plano de imunização. O objetivo é coibir a prática de furar a fila de vacinação contra o novo coronavírus e outros desvios. A matéria seguiu para votação no Senado.

 

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