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Mais velhos e com comorbidades; veja novo perfil de quem é internado com covid

Idade média passou para 71 anos e quase todos internados apresentam pelo menos três quadros crônicos; apesar de Ômicron ser menos grave, transmissão é alta

Covid: interados têm comorbidades e são idosos, mas variante é altamente transmissível (Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC/Agência Brasil)

Covid: interados têm comorbidades e são idosos, mas variante é altamente transmissível (Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de junho de 2022 às 19h56.

Uma mudança no perfil dos pacientes hospitalizados com covid-19 neste ano é o destaque do último boletim epidemiológico feito pelo Núcleo de Inteligência Médica do HCor (antigo Hospital do Coração), obtido com exclusividade pelo Estadão.

A análise comparou o total de 2.277 internados entre 2020 e 2021 com os 423 pacientes hospitalizados em 2022. O resultado aponta o aumento da idade média e da proporção de comorbidades apresentadas pelos doentes.

Do início da pandemia até o ano passado, a idade média dos pacientes hospitalizados era de 61,7. Em 2022, houve o acréscimo de uma década (71 anos). Ao mesmo tempo, a grande maioria (91,9%) dos internados apresenta três ou mais comorbidades. Até o ano passado, esse índice era de 64,4%.

“Podemos inferir que a vacina cumpriu o papel de reduzir os casos graves de covid-19 porque as pessoas com menos comorbidades praticamente desapareceram do hospital”, diz a epidemiologista Suzana Alves da Silva, coordenadora do Núcleo de Inteligência Médica do Hcor.

Apesar do perfil de maior risco da maioria dos internados em 2022, a necessidade de UTI diminuiu de 37,1% para 29,1%, enquanto a de ventilação mecânica caiu de 8,3% para 5,2%.

“Essa tendência mostra que as vacinas continuam tendo um bom efeito protetor contra a covid-19, mesmo na onda Ômicron”, afirma Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Estudos recentes indicam que as vacinas também reduzem sequelas da infecção pela atual variante”.

Vacina

Entre os hospitalizados no HCor neste ano, 31,8% não haviam recebido uma dose sequer da vacina. A taxa de letalidade foi de 5,5% entre os vacinados e de 9,9% entre os não vacinados. “Minha percepção pessoal é a de que boa parte da população ainda tem grande desconfiança em relação aos eventos adversos”, afirma a médica. “As pessoas precisam entender que a mortalidade e a taxa de internação despencaram depois da vacinação. Essa é uma ótima notícia. O benefício da imunização supera em muito qualquer risco que ela possa trazer”, ressalta Suzana.

Ainda segundo a médica, é fundamental que pacientes de risco e seus familiares entendam a importância da vacinação. Um exemplo da proteção conferida pelas doses é que os óbitos no hospital praticamente zeraram entre os pacientes acima de 40 anos com uma ou duas comorbidades. Atualmente, as mortes na instituição ocorrem em pacientes com múltiplas doenças e acima de 80 anos. “Em 2022, tivemos um aumento expressivo de mortes de pessoas que estavam em cuidados paliativos. Até o ano passado, esse grupo representava 12% dos óbitos. Agora ele é de 19%”, salienta a médica.

Nas últimas duas semanas, a covid-19 e outras doenças respiratórias aumentaram a procura pelos serviços de urgência e emergência na capital e no interior de São Paulo. No HCor não foi diferente. A taxa de positividade para covid-19 das pessoas testadas no hospital aumentou de 32% em abril para 62% em junho. Dos pacientes atendidos no pronto-socorro gripário em abril, 7% precisaram ser internados. Em junho, o índice subiu para 9%.

Embora a Ômicron pareça causar doença menos grave nas pessoas, a transmissibilidade é alta. A médica, dessa maneira, aconselha que as pessoas não descuidem das medidas de prevenção: lavagem das mãos e uso de máscara em ambientes fechados e também em locais abertos, em caso de aglomeração.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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