TEMER E MENDONÇA FILHO: programa de fomento às escolas integrais prevê a criação de até 572 escolas públicas nesse formato / Carolina Antunes/PR
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2016 às 18h37.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h31.
O presidente Michel Temer já afirmou, mais de uma vez, que seu governo tem como prioridade o “diálogo”. Não está claro, contudo, com quem o diálogo é feito. Desde que assumiu interinamente, o governo tem se destacado por medidas gestadas no alto escalão sucedidas por meia-volta ao primeiro sinal de gritaria da sociedade.
O último expoente desse fenômeno é o projeto de reformulação do ensino médio por meio de medida provisória, anunciado ontem. O anúncio provocou revolta em professores e sindicatos, confusão em pais e alunos e necessidade de esclarecimentos no governo. O ministério da Educação havia divulgado um texto, baseado em projeto de lei de 2013 que não deixava clara a permanência de disciplinas como filosofia, sociologia e artes na grade comum.
Nesta sexta-feira, o projeto foi publicado em uma edição extra do Diário Oficial da União com mudanças de última hora. A alteração aconteceu no artigo 36, que explicita que os conteúdos da Base Nacional Curricular Comum — as atuais 13 disciplinas do ensino médio — devem permanecer obrigatórias pelos três primeiros semestres. O texto de ontem não afirmava isso, e só explicitava a obrigatoriedade de português e matemática. Segundo Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, que participou das discussões sobre as mudanças, o conteúdo do currículo ainda será discutido posteriormente. Em nota, o governo afirmou nesta sexta-feira que nenhuma disciplina será excluída.
Entre o dito e o não dito, a certeza que fica é que este é mais um episódio de trapalhada na comunicação do governo. As reformas da previdência e trabalhista, previstas para este ano, foram deixadas para o ano que vem. O governo anunciou e depois negou que fará jornadas de 12 horas. O ministério da Cultura foi recriado depois de ter sido abolido. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, teve que se explicar depois de ter dito que iria diminuir o tamanho do SUS. Diálogo, aparentemente, é o que mais falta no governo.