Brasil

Por 6 votos a 3, STF mantém Renan na presidência do Senado

Para ministros, por ser réu, o peemedebista deve sair da linha de sucessão da presidência da República, mas não perde chefia do Senado

Presidente do Senado,  (PMDB-AL) (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Presidente do Senado, (PMDB-AL) (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 18h03.

Última atualização em 8 de dezembro de 2016 às 18h56.

São Paulo – Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (7), manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, mas tirá-lo da sucessão da presidência da República.

Com isso, os ministros da mais alta corte do país rejeitaram parcialmente a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que determinou, na noite de segunda-feira (5), o afastamento de Renan da presidência do Senado sob o argumento de que réus não podem fazer parte da linha de sucessão presidencial.

A decisão acontece sete dias depois que a mais alta corte do país acatou denúncia contra o peemedebista e o colocou no banco dos réus.

Como votou cada ministro

O ministro Celso de Mello, decano do STF,  pediu para adiantar seu voto e foi o primeiro se posicionar sobre o caso. Ele retificou o voto que havia dado em 3 de novembro sobre a linha sucessória da presidência e apresentou uma alternativa ao relatório apresentado pelo relator do caso.

Seu argumento é de que o STF deveria tirar Renan da linha de substituição da chefia do Executivo Federal, por ser réu, mas não impedi-lo de exercer a chefia do Senado -- cargo outorgado a ele pelos próprios senadores. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, essa linha de raciocínio teria sido negociada pela Mesa Diretora do Senado com os ministros do Supremo.

Cinco ministros acompanharam o voto de Celso de Mello: Teori Zavascki, Dias Toffoli,  Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. E dois aprovaram a liminar de Marco Aurélio: Edson Fachin e Rosa Weber.

Com isso, o placar final ficou em três votos favoráveis ao afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado e seis, contrários.

Para a maioria do STF, uma medida liminar, como a tomada por  Marco Aurélio, só se justifica se a demora em julgar o caso implica em "risco concreto de dano ou prejuízo".

Como Renan, atualmente, é o segundo na linha de sucessão do presidente Michel Temer, os ministros da Corte entenderam que não há risco em mantê-lo no cargo de presidente do Senado. Mesmo assim, em caráter provisório, ele não poderá assumir a presidência da República diante da ausência do presidente ou de Rodrigo Maia, presidente da Câmara e primeiro na fila para substituir Temer.

O ministro Luiz Fux destacou, em seu voto,  que a separação entre os três poderes deixa claro que cabe apenas ao próprio Senado a função de cassar o mandato de Renan ou tirá-lo da chefia da Casa. "Há uma agenda do parlamento que o Judiciário não pode ter interferência. Se existe instância hegemônica, ela é do Legislativo”, disse. 

Guerra entre poderes

O caso gerou um dos momentos mais tensos da crise entre Senado e Judiciário a partir do momento em que a Mesa Diretora da Casa protagonizou uma clara afronta ao poder Legislativo ao desobedecer a liminar de Marco Aurélio -- medida criticada avidamente pelos ministros na tarde de hoje.

"Dar as costas para um oficial de Justiça é o mesmo que dar as costas para o poder Judiciário", afirmou a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, se esquivou, em ao menos duas ocasiões do oficial de justiça, que iria lhe entregar a notificação da liminar expedida pelo Marco Aurélio.

O ministro Celso de Mello, decano do STF,  afirmou que a recusa em aceitar uma decisão judicial fere a separação de poderes. "Contestar as decisões por meio de recursos ou instrumentos processuais idôneos, sim. Desrespeitá-las, jamais", afirmou.

Farpas

O ministro Marco Aurélio, por sua vez, não economizou no tom adotado em seu voto. Ele questionou qual seria o custo para o Supremo em blindar Renan Calheiros e deu a resposta: "Será um desprestígio para o STF, aos olhos da comunidade jurídica e da sociedade, se o afastamento de Renan não ocorrer".

Para ele, seria um  "verdadeiro deboche institucional caso o Plenário reescreva a Constituição, em benefício de Renan". 

Veja como foi o julgamento minuto a minuto.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaRenan CalheirosSenadoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Mais de 335 mil pessoas vivem em situação de rua no Brasil

Feriado prolongado deve atrair 2,4 milhões de turistas para São Paulo

Novo equipamento para monitorar trânsito chama atenção de motoristas

Bolsonaro segue em UTI cinco dias após cirurgia e tem 'boa evolução clínica', diz boletim médico