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Maia diz que vai analisar se CPI da Lava Jato tem "fato determinado"

Em pedido para instalar comissão, deputados afirmam que Sergio Moro e procuradores tentaram usar da estrutura do Judiciário para fins próprios e políticos

Rodrigo Maia: presidente da Câmara afirmou que vai analisar pedido de instalação de CPI sobre a Lava Jato (Michel Jesus/Agência Câmara)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara afirmou que vai analisar pedido de instalação de CPI sobre a Lava Jato (Michel Jesus/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 16h53.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira, 16, em evento em São Paulo, que vai avaliar o mérito de pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta dos responsáveis pela Operação Lava Jato.

Protocolado por parlamentares da oposição, o requerimento reuniu 174 assinaturas — 3 acima do mínimo de 171. "Não vi ainda (o documento). CPI precisa ter fato determinado. É isso que preciso analisar nas próximas semanas", disse Maia, sem descartar a instalação.

No pedido, os deputados afirmam que o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores do Paraná tentaram usar da estrutura do Judiciário para fins próprios e políticos. Esse argumento seria justificado pelas mensagens trocadas entre o grupo e reveladas pelo site The Intercept Brasil.

Durante sua fala a empresários e políticos reunidos para debater entre outros assuntos, a necessidade de uma reforma tributária e de um corte radical de despesas do Estado, Maia citou que também o Judiciário deve participar desse processo.

"Cada ente tem a prerrogativa de encaminhar sua reforma administrativa ao Congresso. Só o Judiciário pode cuidar da reforma dele. Se não encaminharem teremos um sistema distorcido. É importante que os três Poderes compreendam a necessidade, que a gente tenha um Estado mais eficiente e que custe menos para a sociedade."

Ao afirmar que Judiciário, além do Executivo e Legislativo, tem de entender a necessidade de cortar gastos, Maia ressaltou que essa postura evitaria falas como a do procurador de Minas Gerais Leonardo Azeredo, que classificou seu salário de R$ 24 mil como um "miserê" na semana passada.

Nesse contexto, o presidente da Câmara lembrou ainda da decisão do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o aumento de 16% nos subsídios de promotores e juízes estaduais. E comentou, com surpresa, que a Corte ainda vai analisar pedido dos advogados da União, que pleiteiam o mesmo período de férias do Judiciário: 60 dias no ano.

Maia, no entanto, não adiantou o corte de despesas que pretende fazer na reforma administrativa que elabora para a Câmara dos Deputados. Ele disse que contratou uma consultoria para esse trabalho e comentou que apenas a estrutura da Casa custa R$ 4 bilhões por ano sem contar o custo direto dos parlamentares.

Rumo do Brasil

Ao fim de sua apresentação durante evento promovido pelo Grupo Voto, Rodrigo Maia comentou que sente "aflição" e "angústia" a respeito dos rumos do Brasil. Disse que o País dá "um passo à frente e dois atrás".

"As pessoas parecem que não compreenderam que vai ter de ter uma reorganização de todos nas despesas públicas, que cresceram nos últimos 30 anos, uma parte delas de forma importante, com investimentos na área social, universalização das matrículas do ensino fundamental, mas, por outro lado, cresceram muito nas atividades meio, despesas de pessoal e custeio, o que não atende a sociedade. A sociedade paga imposto e o serviço não retorna, não tem investimento com infraestrutura. Então, é reorganizar o Estado brasileiro."

Sobre a fala relacionada à sua aflição, Maia disse se tratar de uma questão pessoal, que não depende da atuação do governo federal. "É uma aflição minha, como deputado, que tenho o poder de pautar a Câmara e vejo que tem muita coisa a ser feita ainda, só que esses passos não são no ritmo que eu gostaria. Então é uma aflição pessoal."

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