Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Adriano Machado/Reuters)
Alessandra Azevedo
Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 13h06.
Última atualização em 16 de dezembro de 2020 às 13h55.
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu força no governo. A impressão dele é que pautas econômicas não são prioridade e não devem voltar a ser até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro. As declarações foram feitas em café da manhã com jornalistas, na Residência Oficial da Presidência da Câmara, nesta quarta-feira, 16.
Maia reconhece que o ministro continua defendendo privatizações e reformas, mas acredita que a agenda não encontra respaldo no Planalto. “A minha dúvida é se o Paulo Guedes hoje é majoritário no governo ou não. Eu acho que não é”, afirmou. Prova disso, segundo Maia, é o fato de a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que cria gatilhos no caso de descumprimento do teto de gastos, ainda não ter avançado.
Além disso, a ideia de incluir os dispositivos emergenciais no projeto que cria um plano de renegociação de dívidas de estados, votado na última terça-feira, 15, foi descartada pelo próprio líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), lembrou Maia. “Meu sentimento, pelo que aconteceu nos últimos meses, é que o Paulo Guedes perdeu o comando dessas políticas que são mais desgastantes, mais polêmicas, mas que certamente podem gerar resultado melhor para a sociedade no médio prazo”, disse.
Para o presidente da Câmara, o governo mostra que abriu mão do que, “em tese, pode tirar votos” nas eleições de 2022. Com a reeleição em vista, ele considera que, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha “respeito” e “gratidão” pelo ministro, a postura em relação aos gastos públicos é bem diferente. “Não sei se o Paulo Guedes vai aguentar, se vai pedir demissão, mas a minha opinião é que o presidente não tocará mais aquelas agendas nos próximos dois anos”, afirmou.
“Em relação à pauta econômica, de cortar gastos, fazer correção, fazer uma reforma administrativa mais dura, com impacto fiscal maior, tudo isso, do meu ponto de vista, não será prioridade do presidente nos próximos dois anos”, disse Maia. Jogar a agenda econômica para segundo plano, na opinião dele, é um erro, e o resultado pode ser o contrário do esperado.
Maia aproveitou para reforçar que o candidato indicado que apoiará para sucedê-lo na presidência da Câmara terá compromisso com a pauta econômica. A diferença em relação ao nome defendido pelo governo, Arthur Lira (PP-AL), é quanto a outras pautas, como a de costumes. "Tinha convergência (com o governo) na economia. Não sei mais, porque não sei qual a pauta econômica do governo. Do Paulo Guedes, eu sei. A do governo, não sei, porque desistiu dos gatilhos”, afirmou.