Máfia do ISS: ex-subsecretário de Finanças, Ronílson Bezerra Rodrigues, acusado de ser líder da quadrilha de agentes públicos, foi condenado a 60 anos de prisão (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de junho de 2018 às 19h37.
O promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo (MPE) Roberto Bodini afirmou ter a "crença" de que o esquema da Máfia do ISS tem por trás alguma forma de aval político que atuou na Prefeitura de São Paulo.
Nesta terça-feira, 5, o ex-subsecretário de Finanças, Ronílson Bezerra Rodrigues, acusado de ser líder da quadrilha de agentes públicos, foi condenado a 60 anos de prisão.
"Observando o funcionamento desse tipo de organização criminosa, a gente entende que é muito pouco provável que um esquema desse tenha funcionado e operado durante tanto tempo sem que houvesse o apoio político. É o que eu posso adiantar", disse, sobre a investigação que se estendeu entre os anos de 2006 a 2011.
O promotor afirmou que é "difícil de demonstrar" a participação dos agentes políticos, "apesar de óbvia".
Bodini criticou a fala de um dos condenados, Ronilson Rodrigues, que afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que seu acordo de delação premiada não foi aceito por não envolver no escândalo o ex-prefeito Gilberto Kassab, hoje ministro da Ciência e Tecnologia do governo Michel Temer (MDB).
"Não é isso. Nossa investigação não é pessoal. Temos um fato criminoso, uma organização criminosa, que saqueou os cofres municipais durante pelo menos cinco anos. Foram mais de R$ 500 milhões de prejuízos na nossa estimativa - não oficial, mas é uma estimativa", afirmou.
"Impossível que esse grupo tenha operado e agido durante todo esse tempo sem que tivesse o apoio político para que isso funcionasse Não vou ser leviano de apontar nomes, de dizer efetivamente quem é que dava o apoio. Mas a nossa crença não dou o trabalho por encerrado. A gente vai continuar justamente tentando descobrir todas as facetas que deram apoio a esse grupo", afirmou Bodini.