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Mãe de menino morto no Alemão diz que não perdoará policial

Para Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, disse que o policial que matou o garoto "é um monstro"


	Moradores do Complexo do Alemão fazem protesto pacífico pedindo paz na comunidade e justiça, após a morte do menino Eduardo de Jesus, 10 anos
 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Moradores do Complexo do Alemão fazem protesto pacífico pedindo paz na comunidade e justiça, após a morte do menino Eduardo de Jesus, 10 anos (Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2015 às 14h51.

Rio - Para Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, morto aos 10 anos no dia 2 de abril no Complexo do Alemão, o retorno "doloroso" à casa onde a família morava antes da tragédia foi apenas um dos momentos difíceis enfrentados durante a reconstituição do crime, na última sexta-feira, 17.

Terezinha conta que, na ocasião, reconheceu o policial que ela afirma ter matado Eduardo entre um dos onze PMs que, encapuzados, também participaram da reprodução simulada.

"Foi horrível. Eu cheguei a ver porque foi ele que disse que poderia me matar assim como matou meu filho", contou. "Vi pela touca, ele é um negro, alto. Foi muito doloroso", recordou a mãe de Eduardo.

Ela afirma que ainda não foi informada pela Polícia Civil sobre a data de uma possível acareação na qual possa reconhecer o PM diante dos investigadores. Mas, quando esse dia chegar, ela espera fazer duas perguntas - e adiantou que não perdoará o policial.

"Eu quero fazer duas perguntas a ele: a primeira é se ele não tem filhos, se ele não é pai", disse. "Aí eu vou fazer a segunda pergunta a ele: se perdoá-lo traria meu filho de volta. Se ele tiver condição de trazer meu filho de volta, eu perdoo ele. Ele é um monstro. O que ele fez não tem perdão", desabafa Terezinha.

Hospedada com a família em um hotel custeado pelo Governo do Estado desde que voltou do Piauí, onde Eduardo foi enterrado no último dia 6, Terezinha lembra que o regresso ao Areal, localidade onde a família morava no Alemão, foi "muito ruim". "Foi muito doloroso. Quando eu cheguei perto de casa, eu desabei no choro, não aguentei".

Terezinha foi uma das testemunhas ouvidas pelos investigadores da Delegacia de Homicídios da capital fluminense durante a reconstituição. A irmã de 14 anos de Eduardo também participou da reprodução simulada. De acordo com o delegado titular da especializada, Rivaldo Barbosa, foram remontadas com os policiais as condições de luminosidade e temperatura verificadas no exato momento em que Eduardo foi baleado, às 17h30. "Nós vamos esperar o laudo dos peritos e eles têm de 15 a 45 dias para nos dar esse laudo", declarou Barbosa na última sexta-feira.

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