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Macron quer parceria tecnológica com Brasil para desenvolver 1º submarino nuclear da América Latina

Em visita ao Complexo Naval em Itaguaí, no Rio de Janeiro, presidente francês elogiou parceria entre países e disse que foi desenvolvida uma relação fraternal entre as Forças Armadas, inclusive em aspectos estratégicos

residente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de lançamento ao mar do submarino Tonelero, com a participação do Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, na Base de Submarinos da Ilha da Madeira. (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

residente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de lançamento ao mar do submarino Tonelero, com a participação do Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, na Base de Submarinos da Ilha da Madeira. (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 27 de março de 2024 às 13h34.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira, a cooperação tecnológica com o Brasil para desenvolvimento do primeiro submarino nuclear da América Latina. Em visita ao Complexo Naval em Itaguaí, no Rio de Janeiro, ele elogiou a parceria entre os países e disse que foi desenvolvida uma relação fraternal entre as Forças Armadas, inclusive em aspectos estratégicos.

— Nós temos a convicção de que podemos criar uma nova página na cooperação estratégica entre nossos países — declarou Macron, acompanhado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. — Meu querido Lula, esse será o local da construção de alguns dos submarinos mais avançados do mundo, e o único [nuclear] do Hemisfério Sul. Hoje posso te dizer, você tinha razão de acreditar [no Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, fruto de uma parceria entre o Brasil e a França firmada em 2008, cujo orçamento é de cerca de R$ 40 bilhões.], e hoje tem razão para sorrir.

O lançamento do submarino nuclear brasileiro foi adiado diversas vezes desde a criação do Prosub, em 2008, e atualmente está previsto para 2030. Fontes da Marinha que falaram sob condição de anonimato com O GLOBO antes do evento desta quarta-feira ressaltaram a dificuldade de se alcançar acordos de transferência tecnológica nesta área com outros países, o que tem levado ao adiamento da construção da embarcação.

Fontes também disseram que há discussões internas entre os governos do Brasil e da França sobre a cooperação no desenvolvimento da tecnologia a ser usada no submarino de propulsão nuclear brasileiro, mas nenhum anúncio oficial foi feito até o momento, embora Macron e Lula tenham tocado no assunto durante seus discursos em Itaguaí.

— Nós vamos juntos abrir uma nova página para produzir juntos, de maneira respeitosa, e conseguir vantagens [conjuntas]. (...) É possível desenvolver a energia nuclear de maneira responsável — defendeu o líder francês.

Há expectativa de que um anúncio seja feito na quinta-feira, quando Macron for a Brasília.

— Quando nos encontrarmos em Brasília amanhã, vamos firmar a maior quantidade de acordos já assinada. O Brasil quer os conhecimentos da energia nuclear não para guerra, mas para garantir a todos os países que o Brasil quer a paz. A guerra destrói, o conhecimento científico constrói — declarou Lula, acrescentando que a parceria franco-brasileira "demonstra a determinação do Brasil em conquistar maior autonomia estratégica diante das muitas crises e desafios que a Humanidade enfrenta nos século XXI".

O almirante Olsen, da Marinha, também defendeu o uso pacífico da energia nuclear pelo Brasil, no âmbito do desenvolvimento do submarino nuclear Álvaro Alberto, que faz parte do Prosub. Ele reiterou o compromisso brasileiro com as normas internacionais e com as inspeções de organismos multilaterais, como a Agência Internacional De energia atômica (AIEA).

Atualmente, apenas seis países detém a tecnologia de propulsão nuclear: Estados Unidos, Rússia, China, Índia, Reino Unido e França. A Austrália deverá ser o próximo a entrar nesse seleto grupo através da aliança Aukus, feita com Reino Unido e EUA, em um raro caso de transferência da tecnologia nuclear.

Lula e Macron visitaram o Complexo Naval em Itaguaí, nesta quarta-feira, por ocasião do batismo e lançamento ao mar do submarino “Tonelero” (S42), terceiro Submarino Convencional com Propulsão Diesel-Elétrica (S-BR) que integra o Prosuc e cuja operação inicialmente era prevista para 2020.

O novo submarino será equipado com mísseis, torpedos e sensores modernos, segundo a Marinha do Brasil. Após ser colocado na água, ele deverá ainda passar por uma fase de testes para avaliar os sistemas de combate e navegação, bem como a sua estabilidade no mar.

O Tonelero é equipado com seis turbos de armas capazes de lançar torpedos, mísseis antinavio e minas. O Sistema de Combate do submarino tem ainda sensores acústicos, eletro-ópticos e óticos, além de equipamentos de guerra eletrônica.

Seguindo uma tradição naval, a primeira-dama Janja foi a madrinha do submarino no evento desta quarta-feira. Em dezembro de 2018, no lançamento ao mar do Riachuelo, a ex-primeira-dama Marcela Temer cumpriu o mesmo papel, assim como, em 2020, fez Adelaide Chaves Azevedo e Silva, mulher do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

O Prosub prevê a transferência de tecnologia francesa para a construção de embarcações nacionais. Por isso, o Tonelero guarda semelhanças com os submarinos da classe Scorpène. O modelo brasileiro, no entanto, é maior que o francês, tendo 71 metros de comprimento e um deslocamento submerso de 1.870 toneladas. Dotado de quatro motores a diesel e um elétrico, ele tem uma autonomia de mais de 70 dias, podendo atingir mais de 250 metros de profundidade. A tripulação do Tonelero será composta de oito oficiais e 27 praças, totalizando 35 militares.

O Tonelero é um dos quatro submarinos movidos a propulsão convencional desenvolvidos no âmbito do Prosub. Outros dois já foram concluídos e entregues: o Humaitá, em janeiro deste ano, e o Riachuelo, incorporado à esquadra da Marinha em setembro de 2022. O último desses novos submarinos convencionais é o Angostura, ainda em fabricação. No entanto, a principal embarcação militar desenvolvida dentro do programa é o Álvaro Alberto, o submarino de propulsão nuclear da Marinha, previsto para ser concluído no final da década, após diversos atrasos.

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