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Centenas de pessoas protestam por assassinato da Marielle Franco

As manifestações em reação a morte da vereadora do PSOL mobilizaram pessoas no Rio e em todo país

Nas redes sociais, multiplicaram-se as mensagens com o hastag #MariellePresente e #LutoPorMarielle (Sergio Moraes/Reuters)

Nas redes sociais, multiplicaram-se as mensagens com o hastag #MariellePresente e #LutoPorMarielle (Sergio Moraes/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de março de 2018 às 16h03.

Última atualização em 15 de março de 2018 às 16h07.

Centenas de pessoas homenageavam nesta quinta-feira (15) no Rio a vereadora Marielle Franco, do PSOL, que foi assassinada na noite de quarta-feira, menos de um mês depois que o presidente Michel Temer decretou a intervenção militar no estado em função da onda de violência.

As mobilizações em memória de Marielle Franco tomaram as ruas do Rio e outra cidades, convocadas por movimentos sociais abalados pela aparente execução de uma figura comprometida com as lutas das mulheres negras e as denúncias de violência policial nas favelas.

O caso teve um forte impacto dentro e fora do país.

Nas redes sociais, multiplicaram-se as mensagens com o hastag #MariellePresente e #LutoPorMarielle.

O cantor e compositor Caetano Veloso postou uma gravação de sua canção "Estou triste".

 

As agências das Nações Unidas no Brasil expressaram sua consternação pela morte da vereadora de 38 anos, "uma das principais vozes da defesa dos direitos humanos na cidade".

O presidente Temer classificou o assassinato como "inadmissível" e denunciou "um atentado contra a democracia e o estado de direito", em um vídeo divulgado nas redes sociais.

O assunto foi o mais comentado no Twitter, onde milhares de pessoas, incluindo políticos, artistas e esportistas expressaram estar abalados com a morte da jovem vereadora e de seu motorista Anderson Pedro Gomes, que receberam ao menos nove tiros.

"Toda morte me mata um pouco. Desta forma, me mata mais. Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos. Marielle Franco, sua voz terá eco em nós", tuitou a cantora Elza Soares.

 

 

"Expressamos nossa firme condenação pelo brutal assassinato da vereadora Marielle Franco", tuitou o presidente da Bolívia, Evo Morales.

Muitos prestaram sua homenagem retuitando publicações da vereadora antes de seu assassinato. "Quantos mais terão que morrer para que esta guerra acabe?". O tuíte viralizou e foi compartilhados por mais de 7.000 pessoas, com 17.000 mil likes.

Denúncias de violência policial

Marielle Franco foi assassinada a bordo de um carro no centro do Rio, junto ao motorista, quando voltava de um ato de empoderamento das mulheres negras. Outra passageira, assessora da vereadora, ficou ferida.

A Anistia Internacional exigiu uma"investigação imediata e rigorosa para que não restem dúvidas sobre o contexto, a motivação e a autoria" do assassinato da política.

Marielle denunciou nas últimas semanas um aumento da violência policial nas favelas e era contrária à intervenção militar decretada por Temer para tentar conter a escalada da violência que tomou conta do Rio desde o fim dos Jogos Olímpicos.

Há duas semanas, ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores, criada para acompanhar a atuação das tropas encarregadas da intervenção, algo sem precedentes desde o retorno da democracia em 1985.

Em 10 de março, a vereadora denunciou nas redes sociais uma operação policial na favela de Acari. "O 41o. Batalhão da Polícia Militar está aterrorizando e violentando aos habitantes de Acari (...) É algo que acontece desde sempre e com a intervenção é pior", escreveu.

Nascida e criada no complexo de favelas da Maré, uma das zonas mais violentas da cidade, se formou em Sociologia e fez mestrado em Administração Pública.

Ele trabalhou como assessora do deputado estadual Marcelo Freixo, que, em 2008, dirigiu uma Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) sobre a ação de milícias nas favelas.

Marielle entrou para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro nas eleições de 2016 como a quinta vereadora mais votada, com 46.000 votos.

As eleições locais desse ano foram marcadas por cerca de vinte assassinatos de candidatos a prefeitos ou vereadores no Estado do Rio, aparentemente ligados à presença de milícias e facções de traficantes de drogas que disputam o controle das favelas, onde vivem 1,5 milhão de pessoas.

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