Lula: ele e sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff eram denunciados por supostamente ter integrado uma "organização criminosa" no PT (Lula/Facebook/Divulgação)
EFE
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 06h30.
São Paulo - O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fechou nesta terça-feira uma excursão de 20 dias pela região nordeste do Brasil, a mais pobre do país, ao mesmo tempo que foi denunciado, de novo, por um suposto crime de associação ilícita relacionado com a Petrobras.
Lula fazia um discurso em São Luís (Maranhão), para sua militância, enquanto ele e sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff eram denunciados por supostamente ter integrado uma "organização criminosa" no Partido dos Trabalhadores (PT).
Sem conhecimento das novas acusações contra eles, Lula, que já foi condenado em julho a nove anos e meio de prisão por supostamente ter se beneficiado da trama que operava na estatal, voltou a criticar duramente a polícia e promotores, os acusando de criar uma "mentira".
"Se eles inventaram uma mentira para me julgar e não sabem como sair da mentira é um problema deles", disse Lula, diante da sua militância no ato de encerramento de uma excursão que foi marcada por um tom eleitoral, embora ele tenha negado isso.
Desde o dia 17 de agosto, o ex-presidente percorreu em ônibus mais de 4 mil quilômetros por 32 cidades dos nove estados que compõem a região nordeste.
Nestas quase três semanas, Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2018 e já admitiu seu desejo de tentar o terceiro mandato, foi envolvido durante este tempo por milhares de brasileiros em que é o bastião histórico de votos do PT, além de ser sua terra natal.
"Não sei se eles querem me proibir de ser candidato. Se eu sou, é para ganhar e provar que um trabalhador governa melhor que eles", afirmou o ex-governante, cuja eventual candidatura seria impedida em caso de uma ratificação na segunda instância de sua condenação.
Presidente entre 2003 e 2010, combinou estes dias atos públicos, onde acusou a gestão do presidente Michel Temer, com encontros em diferentes universidades da região que o reconheceram com cinco doutorados "Honoris Causa".
A excursão foi semelhante ao projeto conhecido como "Caravana da Cidadania", que o próprio Lula desenvolveu antes das campanhas nos anos de 1992 e 1994, onde foi derrotado, mas sua imagem política ganhou projeção nacional, forjada nos sindicatos de São Paulo.
"A democracia que eu quero é diferente da que a elite quer. A senhora só pode gritar que está com fome, mas não pode comer", afirmou Lula, em São Luis, enquanto o público gritava "Fora Temer".
Lula tem agora pouco mais de uma semana para preparar o interrogatório ao que será submetido no próximo dia 13, em Curitiba, pelo juiz federal Sergio Moro, encarregado do caso Petrobras em primeira instância e que o condenou em julho, em um dos seis processos criminais que enfrenta o ex-presidente.
Neste caso, o Ministério Público denunciou Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e o acusou de receber propinas do grupo Odebrecht, uma das empresas envolvidas na rede de corrupção, através do ex-ministro Antonio Palocci, já condenado pelo caso Petrobras.
O dinheiro, de acordo com o processo, teria sido usado para comprar o terreno que ocuparia a sede do Instituto Lula e um sótão vizinho à sua residência particular na cidade de São Bernardo do Campo (São Paulo).
"Eu aguento o que estão fazendo comigo, mas sinto muito pelo que eles estão fazendo com o povo brasileiro. Vamos voltar a governar este país", afirmou Lula.