Tanto Lula como dirigentes do partido estão convencidos de que o tiroteio contra Palocci partiu do PSDB (Jeff Zelevansky/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2011 às 09h46.
Brasília - Na primeira crise política do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para ajudar a defender o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e garantir a permanência dele na equipe. "Vocês não podem baixar a guarda", disse Lula ontem, em telefonema para o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Lula ligou para Carvalho do Panamá, onde fez palestra para empresários da construtora Odebrecht. Preocupado com a escalada de denúncias contra Palocci, o ex-presidente conversa quase que diariamente com Dilma e com o chefe da Casa Civil.
Apesar de comentários sobre o "fogo amigo" na seara do PT contra o ministro, tanto Lula como dirigentes do partido estão convencidos de que o tiroteio contra Palocci partiu do PSDB e, mais especificamente, de pessoas ligadas ao ex-governador José Serra na Prefeitura de São Paulo.
Por essa avaliação, o objetivo de Serra seria derrubar Palocci, o mais importante ministro da equipe, para atingir Dilma, inviabilizar o governo logo em seu primeiro ano e torpedear o PT. O partido não tem dúvidas de que Serra é pré-candidato à sucessão municipal, em 2012.
No PSDB, a análise de que o ex-governador teria interesse em desestabilizar Palocci é considerada "insustentável", digna de uma "teoria da conspiração". Serra, quando questionado sobre a crise envolvendo Palocci, na segunda-feira, afirmou que o ministro não poderia ser crucificado. "Não tenho o papel de julgador a esse respeito. Acho normal que uma pessoa tenha rendimentos quando não está no governo e que esses rendimentos promovam uma variação patrimonial", disse o tucano.
Cargos
Na tentativa de esvaziar a ameaça de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e barrar a convocação de Palocci no Congresso, o governo já acena com cargos para acalmar a base aliada. A previsão é a de que, a partir da próxima semana, o quebra-cabeça do segundo escalão comece a tomar forma final.
A oposição não tem votos suficientes para abrir uma CPI mista, mas já está atrás dos insatisfeitos da base aliada. É "suprapartidário" o grupo dos descontentes com a demora de Dilma em definir presidências e diretorias de estatais, autarquias e bancos oficiais.
O time reúne parlamentares do PT ao PMDB, passando pelo PSB, PC do B e PR. Na lista dos cargos cobiçados pelos aliados estão as presidências do Banco do Nordeste, do Banco da Amazônia e da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.