Lula: a proposta de diálogo pós-votação na Câmara surgiu nas falas da presidente nos últimos dias, influenciada por Lula (Miguel Schincariol / AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2016 às 14h29.
Brasília - Em uma vídeo distribuído esta manhã nas redes sociais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou-se como o fiador de uma nova fase do governo da presidente Dilma Rousseff, caso a abertura de um processo de impeachment seja derrubado no próximo domingo e pede “serenidade” aos deputados para que não embarquem em “aventuras”.
“Derrotado o impeachment, já na segunda-feira, independentemente de cargos, estarei empenhado, junto com a presidenta Dilma, para que o Brasil tenha um novo modo de governar”, afirmou.
“Nessa próxima etapa, vou usar minha experiência de ex-presidente para ajudar na reconstrução do diálogo e unir o país.”
Lula afirma que o Brasil tem “plena condições” de voltar a crescer, gerar empregos e distribuir renda.
“Vocês se lembram: foi graças ao diálogo que fiz um governo em que todos os setores ganharam”.
A proposta de diálogo pós-votação na Câmara surgiu nas falas da presidente nos últimos dias, influenciada por Lula.
Até então, Dilma vinha apenas fazendo a denúncia do que classifica como um golpe.
O ex-presidente, no entanto, avaliava que era preciso mostrar que o governo estaria aberto a um pacto nacional.
No texto, Lula se apresenta como garantia de que o governo irá fazer esse pacto.
Reconhece que o governo tem falhas que precisam ser corrigidas mas diz que o país já superou outros desafios.
“Por isso, peço a todos que confiem na minha palavra e mantenham a defesa da democracia.Vamos derrotar o impeachment e encerrar de vez essa crise. E juntos, novamente, vamos fazer do Brasil um país cada vez maior e mais justo, com oportunidades para todos”, disse.
O ex-presidente não deixa, no entanto, de atacar o vice-presidente Michel Temer e os defensores do impeachment.
Afirma que todas as conquistas sociais dos últimos anos podem ser jogadas fora por “um passo errado, um passo impensado”.
“Os deputados têm de pensar com muita serenidade sobre isso. Uma coisa é divergir do governo, criticar os erros e cobrar mais diálogo e participação. Este é o papel do Legislativo, que deve ser e será respeitado”, disse.
“Outra coisa é embarcar em aventuras, acreditando no canto de sereia dos que se sentam na cadeira antes da hora. Quem trai um compromisso selado nas urnas não vai sustentar acordos feitos nas sombras.”
O nome de Temer não é citado em nenhum momento, mas fica clara a direção das palavras do ex-presidente. Lula afirma que tirar uma presidente democraticamente eleita sem crime de responsabilidade “não vai consertar nada” e só irá agravar a crise.
“Ninguém conseguirá governar um país de 200 milhões de habitantes, uma das maiores economias do mundo, se não tiver a legitimidade do voto popular. Ninguém será respeitado como governante se não respeitar, primeiro, a Constituição e as regras do jogo democrático. Ninguém será respeitado se não prosseguir no combate implacável à corrupção. É isso que a sociedade exige.”