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Lula pede que esquerda aprofunde democracia na região

Ex-presidente pediu à esquerda reunida no Foro de São Paulo que aprofunde a democracia e a integração perante os esforços dos EUA para "separar" América Latina


	Luiz Inácio Lula da Silva: ex-presidente também quer mais esforços em favor de projetos de integração "concretos"
 (REUTERS/Marcos Brindicci)

Luiz Inácio Lula da Silva: ex-presidente também quer mais esforços em favor de projetos de integração "concretos" (REUTERS/Marcos Brindicci)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 23h13.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta sexta-feira à esquerda latino-americana reunida no Foro de São Paulo que aprofunde a democracia e a integração perante os esforços dos Estados Unidos para "separar" a região.

"A história se encarregou de provar que a democracia exercida a partir da participação das massas é a melhor fonte e a melhor via para que a esquerda chegue ao poder em qualquer país", declarou Lula na abertura das sessões do 19º Foro de São Paulo.

O ex-presidente também quer mais esforços em favor de projetos de integração "concretos", que superem os âmbitos do livre comércio e se foquem em aspectos políticos, sociais, econômicos, sindicais e científicos, entre muitos outros.

Diante de 600 delegados de uma centena de partidos de esquerda latino-americanos, Lula advertiu também para o "incômodo" provocado nos Estados Unidos pelos "governos progressistas" que irrompem na região.

Também afirmou que os EUA e outras grandes potências "não aceitam" a "nova integração" que, em sua opinião, é representada pelo Mercosul, pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

"Aí está a Aliança do Pacífico (formada por Chile, Peru, Colômbia e México), que, além de interesses comerciais que ninguém pode reivindicar, esconde atrás o interesse geopolítico de debilitar a aliança da América do Sul e da Celac", opinou Lula.

O ex-presidente também exigiu dos participantes do Foro de São Paulo que não cessem esses esforços integradores, que, segundo ele, sentem agora "a falta do companheiro Hugo Chávez".

Lula evocou a "gigante figura" do presidente venezuelano, falecido no último dia 5 de março, declarou que "é muito triste que já não esteja aqui" e se disse "preocupado" pelo futuro da integração, pela "enorme intensidade" que lhe dava o líder bolivariano.

"Espero que (o presidente da Venezuela, Nicolás) Maduro cumpra exatamente o mesmo papel que Chávez tinha para a integração de nossa querida América do Sul", declarou.


Com relação aos mecanismos de integração, sustentou ainda que "se deve entender que, pelo fato de ser a maior economia da região, o Brasil tem mais responsabilidade que os outros na consolidação do processo na América Latina e, se o Brasil não assumir isso, será então muito mais difícil".

Lula se referiu às críticas de muitos partidos de esquerda da América Latina ao papel dos meios de comunicação em alguns dos países da região e propôs valer-se de internet para "criar meios próprios" e resistir à imprensa "da direita".

Segundo Lula, os partidos de esquerda devem "modernizar-se" e compreender que "com jornais já não se chega a milhões de pessoas e menos ainda aos jovens", que "estão em suas casas com seus computadores".

Durante a inauguração do Foro de São Paulo, foi projetada uma mensagem enviada pela presidente Dilma Rousseff, que assegurou que foram "os partidos progressistas que formularam os projetos e as alternativas que estão mudando" a América Latina.

Dilma qualificou o Foro de São Paulo como "extraordinário laboratório político" e comentou que "o Mercosul, a Unasul e a Celac" têm o "selo das ideias" que foram desenvolvidas ali.

Entre outros oradores, também discursou o vice-presidente de El Salvador e candidato presidencial para as próximas eleições, Salvador Sánchez Cerén, que alertou para um "rearmamento da direita" na América Latina.

Segundo Sánchez Cerén, "as forças da direita querem o poder para elas, para voltar a um passado que nossos povos não desejam" e as esquerdas da região devem apostar na "unidade" para poder continuar no poder ou alcançá-lo pela primeira vez.

O Foro de São Paulo, inaugurado formalmente hoje, debaterá durante o fim de semana a realidade latino-americana e amanhã fará uma homenagem especial a Chávez, cujo pensamento político centrará um dos seminários do evento.

O encerramento está previsto para o próximo domingo, quando se espera a presença do presidente boliviano, Evo Morales.

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