Ex-presidente Lula discursa para sindicalistas em comício no centro do Rio (Yasuyoshi Chiba/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 17h57.
Rio de Janeiro - Vestindo o uniforme laranja da Petrobras, o ex-presidente Lula foi acompanhado de milhares de sindicalistas nesta segunda-feira em um abraço simbólico no prédio da companhia de petróleo, mobilizando bases para defender a estatal e a reeleição de Dilma Rousseff.
Com bandeiras vermelhas e gritos de ordem contra a candidata Marina Silva, em empate técnico com Dilma, cerca de 6.000 sindicalistas e estudantes participaram do comício, segundo os organizadores e a polícia.
"Quem está contra o pré-sal é contra o futuro", disse o ex-presidente e ex-líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) no ato em frente ao edifício da Petrobras. "O petróleo é o passaporte do futuro deste país", afirmou.
Com aproximadamente 80.000 funcionários, a Petrobras conta com investimentos equivalentes a 13% do PIB brasileiro, de acordo com os sindicatos petroleiros.
Marina Silva, candidata do Partido Socialista que defende o desenvolvimento de energias renováveis, afirmou que, caso vença a eleição, não dará prioridade à exploração do pré-sal.
O futuro do pré-sal
Atualmente, meio milhão de barris diários (b/d) são extraídos do pré-sal, com o qual a Petrobras espera duplicar sua produção de petróleo bruto para mais de 4 milhões de b/d em 2020, transformando o Brasil em um exportador.
Lula lembrou que, quando o pré-sal foi descoberto, dizia-se que a Petrobras não teria a tecnologia necessária para explorar petróleo a mais de 7 km de profundidade. "Em oito anos tiramos mais petróleo do pré-sal do que em 31 anos", ressaltou.
Os sindicalistas encerraram o comício cantando o hino nacional. Para muitos participantes, o governo está fazendo do pré-sal uma importante fonte de recursos sociais. Os ato destacou a lei aprovada por Dilma após as manifestações de junho de 2013 que destina parte dos lucros do pré-sal para os setores de educação e saúde.
"Não tenho vergonha"
Lula saiu em defesa dos funcionários da Petrobras, que tem sido tema recorrente da campanha eleitoral após acusações de maus negócios e de pagamentos de subornos através da empresa que teriam beneficiado o PT.
"Não tenho vergonha desta camisa, que deve orgulhar os trabalhadores e o povo brasileiro pelo que a Petrobras significa para país", disse Lula em referência às denúncias.
"Se houve erros, tem que investigar. Se for culpado, tem que ir para a cadeia", completou.
Ailton Ribeiro, operário de 56 anos, disse à AFP que votará em Dilma porque "ela faz o que pode e não venderá a Petrobras", mas que está insatisfeito com a corrupção. "O Brasil é rico, e tem muitos trabalhadores. Mas há uma minoria que rouba milhões e tem muito poder", desabafou Ribeiro, que trabalha em um estaleiro perto do Rio.
"O Lula tem razão, não podemos sentir vergonha de sermos petroleiros, de sermos do PT e de sermos brasileiros. Oitenta mil petroleiros não podem pagar por um ou dois com desvio de conduta", afirmou Auzelio Alves, técnico em segurança do trabalho da Petrobras de 44 anos, que também vestia o uniforme laranja.