Lula cobra protagonismo da ministra Nísia Trindade no Ministério da Saúde (José Cruz/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 07h15.
Em meio às discussões sobre a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que Nísia Trindade, ministra da Saúde, permanecerá no cargo. No entanto, o presidente cobrou que a titular da pasta apresente uma marca própria para a gestão, a fim de fortalecer o impacto de suas ações.
Em duas reuniões recentes, Nísia, acompanhada de seus auxiliares, apresentou os programas e políticas públicas que vêm sendo implementados desde 2023. Segundo relatos, Lula apontou que muitas dessas iniciativas já foram criadas em governos anteriores dele e de Dilma Rousseff, ressaltando a necessidade de que Nísia imprima sua própria identidade em uma das pastas mais importantes e com maior orçamento do governo.
Nísia deixou o encontro com a missão de lançar um projeto que traga resultados concretos ao governo Lula 3. Durante a reunião, o presidente questionou o andamento do programa Mais Acesso a Especialistas, que tem como objetivo facilitar o acesso da população a consultas e exames especializados. Considerado uma "obsessão" de Lula, o programa está entre as prioridades da Saúde. O presidente também solicitou detalhes sobre as ações necessárias para que a iniciativa ganhe escala.
Apesar de críticas à gestão de Nísia vindas do próprio Planalto e da Casa Civil, que consideram o Ministério da Saúde uma das principais vitrines do terceiro mandato de Lula, o presidente mantém admiração pessoal pela ministra. Lula reconhece o perfil técnico e de gestão de Nísia e aposta em seu trabalho para consolidar políticas públicas que gerem impactos visíveis.
A reunião contou com a presença de Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), escalado para maximizar o alcance das ações da Saúde e de outras pastas estratégicas. Sidônio priorizará os ministérios da Saúde e Educação como parte de sua estratégia inicial no governo. Antes mesmo de assumir o cargo, ele já havia iniciado diálogos com o Ministério da Saúde.
A possibilidade de substituição da ministra chegou a ser considerada, sobretudo por pressões do Centrão, que busca mais espaço no governo. No entanto, diante das críticas e da pressão política, Nísia intensificou sua articulação com parlamentares. Em 2023, a ministra realizou 265 encontros com congressistas e passou a divulgar semanalmente um informe com as ações do ministério, além de trocar parte de sua equipe de assessores para melhorar a interlocução com o Congresso.
Nos últimos meses, a ministra também ampliou sua agenda nos estados, buscando alinhar iniciativas com deputados e senadores locais. Com a proximidade de aliados no Congresso e o lançamento de projetos estratégicos como o Mais Especialistas, a gestão de Nísia tenta consolidar sua importância dentro do governo, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios de governança e comunicação.