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Lula diz que Juscelino será afastado do governo se ‘indiciamento for aceito’

Ministro das Comunicações já foi indiciado pela Polícia Federal, e agora a PGR analisa se apresenta denúncia no caso

Agência o Globo
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Publicado em 26 de junho de 2024 às 10h59.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, será afastado do cargo se o indiciamento da Polícia Federal for aceito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O presidente disse que conversou com o titular durante a ida ao Maranhão, na última sexta-feira. Juscelino foi indiciado por suspeita de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

"O que eu disse para ele: a verdade, só você que sabe. Se o procurador indiciar você, você sabe que tem que mudar de posição. Enquanto não houver indiciamento, ele fica como ministro, se houver indiciamento, ele será afastado (...) Eu quero que ele seja julgado da forma mais honesta possível", afirmou o presidente.

A PF já indiciou o ministro. O presidente se referiu a possibilidade de denúncia, em avaliação pela PGR.

Juscelino nega irregularidades e creditou a atuação da PF a uma "ação política e previsível".

O inquérito da PF investiga suspeitas de desvio de emendas parlamentares para pavimentação de ruas de Vitorino Freire, no interior do Maranhão, quando ele ainda era deputado federal. É a primeira vez que um integrante do primeiro escalão do atual mandato de Lula é indiciado, o que aumentou a pressão, vinda do PT, pela demissão do ministro.

Nova entrevista

Lula dá nova entrevista nesta quarta-feira, desta vez ao portal UOL, em estratégia que se acentuou na semana passada diante de pesquisas que continuam mostrando desgaste na popularidade do governo. A ofensiva de comunicação também vem na sequência de notícias negativas para o governo, como derrotas no Congresso e o indiciamento pela Polícia Federal do ministro Juscelino Filho, que nega irregularidades.

No início da semana passada, Lula fez uma série de críticas ao presidente do Banco, Roberto Campos Neto, em entrevista à rádio CBN. Ao longo dos dias, o presidente deu novas declarações e voltou a subir o tom contra Campos Neto, a quem classificou, na sexta-feira, de adversário "político, ideológico e do modelo de governança".

Na mesma entrevista, à rádio Mirante News FM, de São Luís, o presidente ainda falou que está chegando o momento de trocá-lo por outra pessoa, referindo-se ao fim do seu mandato como presidente do BC no final de 2024.

"O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu ", disse Lula em entrevista à rádio maranhense Mirante News FM.

A semana passada foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo a Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC“tem lado” e não demonstra “capacidade de autonomia”.

"Está chegando o momento de trocar, vamos ter que tirar ele e colocar outra pessoa, e eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade. Esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira", completou Lula.

Na quinta-feira, Lula havia lamentado a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.

A decisão do Copom acerca da manutenção da taxa básica de juros aconteceu na quarta-feira. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.

Campanha

Já em entrevista à rádio Verdinha, de Fortaleza, também na semana passada, Lula havia afirmado que fará campanha contra "adversários ideológicos" nas eleições municipais de outubro, mas ponderou que precisará ter cuidado para não ter "um revés no Congresso Nacional" com eventuais descontentamentos de partidos que integram a base do governo.

"O papel do presidente da República é um papel que exige mais cuidado e responsabilidade. Tenho que levar em conta que, embora pertença a um partido político, tenho uma base de apoio no Congresso Nacional que extrapola meu partido. Então tenho que levar em conta se nas cidades esses partidos que me apoiam estão disputando, tenho que levar em conta quem são os adversários e aí naquele que o adversário ideológico ou adversário negacionista, você pode ter certeza que eu vou fazer campanha", afirmou em entrevista à rádio Verdinha de Fortaleza (CE) nesta quinta-feira.

O presidente tem se empenhado pessoalmente na candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) à Prefeitura de São Paulo. Na cidade, Boulos vai enfrentar Ricardo Nunes (MDB) e Tábata Amaral (PSB), que integram partidos que compõem o arco de aliança da base do governo.

Lula seguiu afirmando que fará campanha após às 18h, se referindo ao fim do expediente:

"Vou cumprir meu horário de trabalho em Brasília e vou ficar trabalhando até 18h, mas quando der 18h, que todo mundo tem direito de ir para casa, eu vou fazer campanha para os candidatos que eu acho que vão melhorar a vida do povo, mas com muito cuidado porque eu não posso ser pego de surpresa e depois ter um revés no Congresso Nacional de descontentamento", disse.

Derrotas no Congresso

O governo acumulou uma série de derrotas recentes na relação com o Congresso, como a derrubada do veto às restrições à "saidinha" de presos e a devolução da Medida Provisória do Pis/Cofins, iniciativa que mudava o sistema de créditos tributários e era defendida pela equipe econômica como alternativa para compensar a desoneração da folha de 17 setores intensivos em mão de obra e de municípios com até 156 mil habitantes.

Na Esplanada, por sua vez, Juscelino Filho foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa por suposta participação em um esquema de desvio de emendas parlamentares. O ministro nega qualquer irregularidade e creditou a atuação da PF a uma "ação política e previsível".

 

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