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Lula já articula resistência a Temer

Interlocutores do ex-presidente avaliam que, apesar da derrota, Lula ainda pode se beneficiar com o afastamento de Dilma e chegar a 2018 como candidato


	Lula: segundo o Instituto Lula, o ex-presidente ainda não decidiu se vai disputar a Presidência pela sexta vez.
 (Paulo Whitaker / Reuters)

Lula: segundo o Instituto Lula, o ex-presidente ainda não decidiu se vai disputar a Presidência pela sexta vez. (Paulo Whitaker / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 08h09.

Brasília - Depois do fracasso das articulações contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se dedicar a articular a resistência contra um eventual governo Michel Temer.

Interlocutores do ex-presidente avaliam que, apesar da derrota, Lula ainda pode se beneficiar com o afastamento de Dilma e chegar a 2018 como candidato de oposição.

Segundo o Instituto Lula, o ex-presidente ainda não decidiu se vai disputar a Presidência pela sexta vez. Mas os sinais são cada vez mais fortes.

No sábado, 16, em ato com manifestantes anti-impeachment, em Brasília, Lula disse que "espera chegar em 2018". Aliados do ex-presidente dizem que o petista ficou animado com resultado de pesquisas que o colocam na liderança da disputa eleitoral.

O presidente do PT, Rui Falcão, já disse que Lula se colocou à disposição para viajar o País ainda este mês. A avaliação de que Lula poderia "fazer do limão uma limonada" é recorrente entre interlocutores do ex-presidente.

Para eles, caso o impeachment de Dilma se confirme no Senado, Temer vai enfrentar um cenário negativo na economia em médio prazo e desgaste político por ter se aliado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na condução do impeachment.

A esperança dos petistas é que Lula surja como o salvador da pátria em 2018. "Ele não vai e não deve jogar a toalha por causa do resultado de hoje", disse Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula.

No curto prazo, o ex-presidente vai continuar articulando a defesa do mandato de Dilma no Senado, independentemente de assumir ou não o ministério da Casa Civil e apesar de estar ciente de que a tarefa é praticamente impossível.

Lula também vai liderar a reação ao possível governo Temer em parceria com movimentos sociais ligados ao PT. A ideia é aproveitar a alta rejeição ao vice apontada em pesquisas para carimbar sua gestão como ilegítima.

Eleições gerais

Setores do PT defendem que o partido lance os próximos dias uma campanha nacional de coleta de assinaturas em apoio a uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) por novas eleições presidenciais.

O ex-presidente tentou convencer deputados a votarem contra o impeachment até momentos antes do início da votação na Câmara. No sábado, viajou para São Paulo onde conversou com o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus.

Santiago tem influência sobre três deputados federais, mas Lula pediu que ele o ajudasse a ampliar o apoio a Dilma na bancada evangélica.

Preocupado com os protestos previstos, Lula também aproveitou a ida a São Paulo para tirar sua família do apartamento de São Bernardo do Campo, acomodando-a em outro local não divulgado.

De volta a Brasília na manhã de domingo, continuou telefonando para deputados a fim de conquistar votos para Dilma. Investiu nos indecisos, mas também tentou mudar a avaliação dos que já tinham opinião formada, como Paulo Maluf (PP-SP). Muitos, no entanto, não atenderam suas ligações.

Lula falou pessoalmente com Maluf, que, ao chegar ao plenário da Câmara, comparou Dilma à Virgem Maria e disse não ver motivos jurídicos para o afastamento da petista, mas votou a favor do impeachment.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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