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Lula foi monitorado por dois meses pelos 'kids pretos', diz PF

Grupo de militares do Exército estaria encarregado, segundo a PF, de matar autoridades. Relatório foi entregue ao STF nesta terça-feira

Polícia Federal identificou monitoramento de Lula e outras autoridades após as eleições de 2022 (Ludovic Marin/AFP)

Polícia Federal identificou monitoramento de Lula e outras autoridades após as eleições de 2022 (Ludovic Marin/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 26 de novembro de 2024 às 18h34.

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A Polícia Federal (PF) concluiu que o grupo de militares conhecidos como 'Kids Pretos' monitorou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por dois meses, logo após as eleições de outubro de 2022. Segundo o relatório final, entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, 26, o monitoramento teve como objetivo coletar informações sensíveis sobre o presidente e outras autoridades.

De acordo com as investigações da PF, o monitoramento teve início em meados de novembro de 2022. Durante esse período, equipes formadas por militares das Forças Especiais (FE) do Exército acompanharam o itinerário de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, incluindo a utilização de recursos do Batalhão de Ações e Comando-BAC da Força. [Essas ações foram realizadas principalmente nas proximidades do hotel Meliá, em Brasília, onde o presidente estava hospedado.] A PF também revelou que o policial federal Wladimir Matos Soares aderiu ao plano golpista, passando informações confidenciais sobre a segurança do presidente eleito.

Indiciamentos e investigações sobre tentativa de golpe

Na última quinta-feira (21), a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros de seu governo, incluindo Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), e mais 33 pessoas. Os indiciamentos foram baseados em crimes como tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e formação de organização criminosa.

A investigação também apontou que oficiais das Forças Armadas, ministros e assessores do governo Bolsonaro participaram de reuniões secretas para discutir a possibilidade de um golpe, mas a trama não foi concretizada devido à falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica. O general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, chefes das respectivas Forças, prestaram depoimento à PF, implicando Bolsonaro no processo.

Papel de Mauro Cid

O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, colaborou com a investigação, oferecendo um acordo de delação premiada homologado por Alexandre de Moraes em setembro do ano anterior. [Os depoimentos de Cid e dos outros envolvidos se alinharam com as conclusões da PF, apontando uma tentativa coordenada de desestabilização do governo.]

Reação de Bolsonaro

Após o indiciamento, o ex-presidente Bolsonaro se manifestou publicamente, criticando o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido responsável por processos relacionados aos ataques de 8 de janeiro e outras investidas golpistas.

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