(Ricardo Stuckert/PT/Divulgação)
Luiza Calegari
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 06h30.
Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 06h30.
São Paulo – A caravana de Luiz Inácio Lula da Silva embarca em uma nova jornada a partir de hoje, em uma versão “pocket” da peregrinação que o ex-presidente já fez pelo Nordeste na segunda metade de agosto.
A estratégia é uma reedição das “Caravanas da Cidadania”, que embalaram a sua campanha para a presidência da República na década de 1990.
Lula se apresenta como pré-candidato à presidência há vários meses, apesar da indefinição da Justiça quanto à possibilidade de ele participar das eleições.
Nesse meio tempo, ele tem aproveitado para fortalecer seu capital político. Helcimara Telles, que coordena o grupo de pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral da UFMG, afirma que o ex-presidente não tem nada a perder.
“A Justiça brasileira tem agido com bastante imprevisibilidade, pressionada pela opinião pública. Para o Lula, se a caravana for um sucesso (e tem grandes chances de ser), o recado que ele manda é: não vai ser tão fácil assim me condenar”, afirma.
Além disso, a péssima avaliação do governo Temer (apenas 3% de aprovação) facilita o discurso de Lula.
“Diante de um ex-presidente que, ‘tudo bem, roubou’, mas saiu do cargo com uma avaliação muito positiva e que teve um legado forte de redução da desigualdade e governou com bons indicadores econômicos, e de um presidente atual que ‘roubou muito mais’ e ainda por cima só toma medidas impopulares, a imagem do Lula vai ficando mais favorável”, avalia a professora.
Um fator pode ajudar a tarefa do PT em Minas: as denúncias contra Aécio Neves tiveram um peso político importante, apesar de o mandato do senador ter sido salvo aos 45 minutos do segundo tempo pelo Senado.
Segundo a professora Helcimara Telles, o discurso do PT sobre isso já está até pronto. “Agora é a hora do Lula chegar e dizer: estão vendo esse candidato, que perdeu as eleições, acusou a Dilma? Ele era mais corrupto que ela, e contra ela não tem nada”, exemplificou.
A mancha na imagem de Aécio abre espaço para disputa por lideranças fortes no Estado, e a própria ex-presidente Dilma surge neste cenário como opção: uma sondagem da Paraná Pesquisas apontou que ela é a pré-candidata preferida dos eleitores para uma das vagas no Senado. “Isso é um feito, considerando que ela não tem nem feito campanha”, comenta Telles.
Em outro cenário, sem Dilma, a liderança das intenções de voto é do atual governador do Estado, o também petista Fernando Pimentel.
A situação do PT em Minas é um pouco delicada: nas últimas eleições municipais, em 2016, o partido garantiu apenas 41 prefeituras no Estado; no pleito anterior, de 2012, tinham sido 133. Em comparação, o PMDB, líder em Minas, foi de 119 prefeituras em 2012 para 163 em 2016.
Por outro lado, o PSDB também perdeu espaço, mas a queda não foi tão drástica: de 137 prefeituras foi para 133, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).
Apesar do cenário, as cidades visitadas por Lula ficam no centro e norte de Minas, onde o petista já tem mais apoio do que no resto do Estado.
“A escolha das cidades foi feita deliberadamente, para falar com a população que vai ser mais afetadas pelas políticas do governo Temer, e também com a população que ele mais ajudou durante seus mandatos”, avalia Telles.
O roteiro da caravana começa no dia 23 de outubro em Ipatinga e passa por Governador Valadares, Teófilo Otoni, Itaobim, Itinga, Araçuaí, Salinas, Montes Claros, Bocaiúva, Diamantina, Cordisburgo (a cidade de Guimarães Rosa) e se encerra em Belo Horizonte, no dia 30.
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