Lula e Temer: Delcídio envolve o vice-presidente em suposto esquema de aquisição ilícita de etanol pela BR Distribuidora (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2016 às 18h32.
Brasília - A Procuradoria-Geral da República deve pedir a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Michel Temer no inquérito que apura formação de quadrilha por políticos que supostamente atuaram no esquema de corrupção na Petrobras, segundo fontes ligadas à investigação.
A investigação corre no Supremo Tribunal Federal (STF) desde março do ano passado e apura cerca de 40 pessoas, entre elas parlamentares e lideranças do PMDB, PT e PP.
Investigadores avaliam a possibilidade de que as menções feitas pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) em delação premiada sejam também incluídas na investigação que corre no Supremo e tenta mostrar o sistema organizado de políticos no recebimento de propina e benefícios oriundos de contratos da Petrobras.
A delação de Delcídio, homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na Corte, reforça a apuração sobre o PMDB e sobre o PT no inquérito, o que pode gerar a inclusão de Temer e Lula no rol de investigados.
No caso de Lula, além das menções feitas por Delcídio, os procuradores devem solicitar informações à Justiça Federal no Paraná, que conduz a investigação que tem o ex-presidente como alvo.
Se Lula for confirmado ministro de Estado, no entanto, a solicitação nem será necessária, pois todo o material de investigação que corre na justiça de primeira instância será encaminhado para a PGR e para o Supremo Tribunal Federal.
Na delação, Delcídio detalha a proximidade do ex-presidente com seu amigo pessoal, o pecuarista José Carlos Bumlai, réu na Operação Lava Jato.
O senador petista também relata tentativa de Lula evitar o depoimento do lobista Mauro Marcondes, réu na Operação Zelotes, na CPI do Carf.
Já com relação a Temer, procuradores devem avaliar sua inclusão unicamente com base nas falas de Delcídio. O delator envolve o vice-presidente em suposto esquema de aquisição ilícita de etanol pela BR Distribuidora.
O peemedebista teria, segundo Delcídio, "apadrinhado" o ex-diretor da subsidiária da Petrobras João Augusto Henriques, supostamente envolvido no caso e que fez pagamentos indicados como propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por meio de sua assessoria de imprensa, o vice-presidente Michel Temer disse que não comentaria o caso. Interlocutores alegam que ele é presidente de um partido e, nessa condição, não pode ser responsabilizado por eventuais falhas cometidas por seus correligionários.
Obstrução
A Procuradoria não descarta incluir o nome de Lula e de Bumlai também na acusação contra Delcídio por tentativa de obstrução de investigações da Lava Jato.
Na delação, o senador conta que Lula pediu que o parlamentar ajudasse Bumlai para garantir o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, em eventual depoimento aos investigadores.
Segundo Delcídio, foi intermediado o pagamento de valores por Maurício Bumlai, filho do pecuarista, ao então advogado de Cerveró.
Delcídio foi denunciado em dezembro pela PGR, ao lado de André Esteves, do BTG Pactual, Diogo Ferreira, assessor do parlamentar, e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato.