Brasil

Lula diz que procuradores que o acusam são "reféns da imprensa"

Lula também disse que seus acusadores, se tivessem ocupado a posição que ocupou, teriam feito aquilo que o acusam de ter feito

Lula: "Vocês têm estabilidade no emprego não é para ser refém da imprensa" (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: "Vocês têm estabilidade no emprego não é para ser refém da imprensa" (Paulo Whitaker/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 21 de outubro de 2016 às 21h28.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou vídeo nesta sexta-feira em que afirma que os procuradores da República que o acusam não têm estabilidade no emprego para serem "reféns da imprensa" e pediu respeito aos procuradores para que, em troca, ele possa respeitá-los.

Em tom irritado e batendo algumas vezes na mesa durante o vídeo publicado em sua página no Facebook, Lula também disse que seus acusadores, se tivessem ocupado a posição que ocupou, teriam feito aquilo que o acusam de ter feito.

"Vocês têm estabilidade no emprego não é para ser refém da imprensa, porque é pouco inteligente alguém dizer 'para eu condenar alguém eu preciso da imprensa', aí não precisa fazer. Eu quero saber se você investigou, se você tem prova, se você encontrou uma conta, se você encontrou alguma coisa, aí denuncie", disse Lula dirigindo-se aos procuradores.

"Se não fez isso, pare, pense e mude de comportamento", acrescentou o ex-presidente.

O vídeo de Lula foi divulgado dois dias depois da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha por determinação do juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da operação Lava Jato em primeira instância.

Após a prisão de Cunha, aumentou no meio político a especulação de que Lula pode ser preso em breve. O ex-presidente é réu em três ações penais, duas relacionadas a Lava Jato e uma à operação Janus, que investiga a empreiteira Odebrecht.

Lula é acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato em uma ação que tramita na Justiça Federal do Distrito Federal e de ter recebido propina da construtora OAS por meio da propriedade oculta de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, em processo que está nas mãos de Moro, na Justiça Federal do Paraná.

Na Janus, o ex-presidente é acusado de ter recebido vantagens indevidas para ajudar a Odebrecht a obter contratos em Angola com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também em processo que corre na Justiça Federal do Distrito Federal.

Existe ainda um inquérito ligado à Lava Jato no Supremo Tribunal Federal que investiga suspeitas de organização criminosa em que Lula é um dos alvos da investigação.

O ex-presidente nega todas as acusações e sua defesa afirma que Lula foi escolhido como inimigo político e tem sido perseguido por seus acusadores.

No vídeo desta sexta, o ex-presidente, apontado como possível candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018, parte para o ataque.

"A pessoa que faz a acusação que está sendo feita sobre mim, no fundo, no fundo, ele está imaginando que se ele estivesse no meu lugar, ele faria o que ele pensa que eu fiz", disse Lula.

Ao apresentar a denúncia contra Lula no caso do tríplex do Guarujá, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, acusou Lula de ser o "grande general" e "maestro" do esquema de corrupção na Petrobras e disse que, sem o poder de decisão de Lula, as irregularidades ocorridas na estatal não teriam sido possíveis.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoFacebookLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava Jato

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final