O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva: Lula, que está curado de um câncer no garganta, disse que tem disposição para percorrer todo Brasil e participar de comícios para fazer campanha por Dilma. (Amanda Previdelli / Exame.com)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 14h10.
Rio de Janeiro - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que sua prioridade para o próximo ano, assim como a do Partido dos Trabalhadores (PT), é conseguir a reeleição de Dilma Rousseff como líder do país.
"A prioridade é a eleição de Dilma (Rousseff). Não podemos permitir que a eleição de Dilma corra risco", afirmou o ex-mandatário em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal "Valor".
Segundo Lula, o PT poderá "sacrificar" alguns candidatos aos governos regionais caso isso fortaleça a aliança com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para garantir a reeleição de Dilma.
O ex-mandatário aproveitou um seminário do PT em fevereiro para se transformar no primeiro a defender oficialmente a candidatura de Dilma nas eleições presidenciais de outubro de 2014.
Ao comentar o Governo de Dilma, sua afilhada política e sucessora, Lula afirmou que o Brasil nunca esteve em tão boas mãos. "Nunca neste país uma pessoa chegou tão bem preparada para exercer a Presidência", afirmou.
Lula, presidente de honra do PT e fundador do partido, descartou que possa ser candidato à Presidência no próximo ano ou em 2018, apesar da elevada popularidade com a qual ainda conta.
"Estarei com 72 anos (em 2018). É hora de ficar quieto e de contar a experiência. Embora não sei como serão as circunstâncias políticas. Quem sabe, se de repente o país necessitar de um velho para fazer as coisas. Não é meu desejo. Considero que já diz minha contribuição, mas em política não se descarta nada", afirmou.
Lula, que está curado de um câncer no garganta, disse que tem disposição para percorrer todo Brasil e participar de comícios para fazer campanha por Dilma.
O ex-presidente afirmou que seus médicos já o autorizaram a voltar à vida partidária e que, caso as sequelas do câncer lhe impeçam de falar, acudirá aos comícios "com cartazes em mãos".
"Acho que ela (Dilma) vai montar uma coordenação política no partido (para coordenar sua campanha), mas não gosto de trabalhar nos bastidores. Quero viajar pelo país", afirmou.
Lula considera que Dilma, com uma popularidade recorde e inclusive superior à sua quando era presidente, é favorita para ganhar em 2014.
"Não há adversário fácil, mas acho que Dilma chegará nas eleições em uma situação muito cômoda. Se trabalharmos com seriedade, humildade e respeitando nossos adversários, e se a economia estiver bem, com a inflação controlada e o emprego crescendo, acho que com segurança Dilma tem amplas possibilidades de ganhar no primeiro turno", afirmou.
Lula rejeitou as críticas que recebeu por visitar países da África e América Latina em viagens financiadas por empresas privadas para defender interesses particulares.
O ex-mandatário admitiu ter realizado 37 viagens financiadas por empresas privadas para participar de conferências, como fazem o ex-presidente americano Bill Clinton e o também brasileiro Fernando Henrique Cardoso, porque, disse, "ninguém viaja gratuitamente" para tais tarefas.
"Algumas pessoas são melhor remuneradas que outras e eu digo sinceramente: nunca pensei que fosse tão bem remunerado para dar palestras. Há pouca gente com autoridade para ganhar dinheiro como eu em função do Governo bem-sucedido que fiz neste país", disse.
Lula também disse que suas viagens são para mostrar que o Brasil vai bem e que não sente vergonha de promover produtos brasileiros no exterior.