Brasil

Lula diz que Moro não deveria "se esconder atrás do cargo" de ministro

Em entrevista ao jornal Sul 21, da carceragem da PF, em Curitiba, o ex-presidente afirmou que o ministro "está se transformando em um boneco de barro"

Lula: "Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso e os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos" (El País/Reprodução)

Lula: "Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso e os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos" (El País/Reprodução)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 4 de julho de 2019 às 10h49.

Última atualização em 4 de julho de 2019 às 10h51.

São Paulo — Em uma nova entrevista concedia na sede da Polícia Federal em Curitiba, dessa vez para o portal Sul 21, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  sugeriu que o ministro da Justiça, Sergio Moro, peça licença do cargo até que se investigue os vazamentos de mensagens revelados pelo site The Intercept Brasil, desde junho.

"Enquanto está sob suspeita, poderia pedir licença do ministério da Justiça e não ficar se escondendo atrás do cargo", disse o petista.

Para ele, o ex-juiz da Operação Lava Jato "está se transformando em um boneco de barro". O ex-presidente disse, ainda, que o ministro "deveria mostrar que é um homem decente entregando o celular dele à Polícia Federal", se referindo ao fato de que nenhum procurador da operação entregou seus celulares para a perícia.

Lula também reforçou, mais uma vez, o argumento de que sua condenação foi baseada em "mentiras". "Estou falando do meu caso e no meu caso eu posso olhar para você como se estivesse falando para o Moro e dizer 'Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso e os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos'", afirmou.  

O petista disse que somente quatro "pessoas" sabem que ele está falando a verdade sobre não ter envolvimento nos casos que o condenaram, sendo elas "o Moro, o Dallagnol, o delegado que fez o inquérito e Deus".

O petista voltou a defender a suspeição de Moro em seu julgamento, tese que tem sido adotada por sua defesa em um pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve ser julgado em agosto.

"O juiz não deve julgar com base na cara do réu, mas sim com as informações que tem nos autos do processo, avaliando se são verdadeiras ou mentirosas. Eu não estou falando do conjunto da Lava Jato porque se alguém roubou tem que estar preso. Foi para isso que o PT, tanto no meu governo quanto no governo da Dilma, criou todos os mecanismos jurídicos para colocar ladrão na cadeia", disse.

"Teorias da conspiração"

O petista, que afirmou não ter sido "adepto de teorias da conspiração" por muito tempo em sua vida, acredita que "há interesses do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em desmontar o Brasil".

"Estou convencido que os americanos nunca aceitaram a ideia da lei da partilha que nós fizemos para que o petróleo fosse nosso, nunca aceitaram a ideia de que o povo brasileiro voltasse a ser dono do petróleo e que a Petrobras tivesse 30% de tudo. Também nunca aceitaram a nossa ideia de criar um fundo social para garantir ao povo brasileiro o direito de ter acesso à ciência, tecnologia, educação e saúde", disse. 

Mercosul e UE

Lula também aproveitou a entrevista para comentar sobre o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo ele, "a UE está tirando proveito de um momento de fragilidade eleitoral do presidente da Argentina".

"Não conheço os detalhes do acordo e não sei o que está escrito lá, mas a gente não tem muito o que exportar pra lá. E o que temos para exportar não será fácil os franceses aceitarem. Não pense que os franceses vão aceitar comprar frango ou porco do Brasil. Eles não queriam nem comprar óleo industrializado brasileiro, preferindo comprar soja in natura", afirmou.

Recentemente, a França disse não estar preparada para ratificar o acordo.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022