Lula: "duvido que tenha alguém nesse país que seja mais cumpridor da lei do que eu, que respeite mais instituições do que eu", afirmou o petista (Yasuyoshi Chiba/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2016 às 18h51.
São Paulo - Após ter virado réu na Justiça por suspeita de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuou nesta sexta-feira, 29, durante evento em São Paulo, que, quanto mais tentam tirá-lo da disputa presidencial de 2018, mais ele tem vontade de concorrer.
"Se o objetivo de tudo isso é me tirar de 2018, isso não era necessário, a gente escolheria outro candidato mais qualificado, mas essa provocação me dá uma coceira", disse, durante evento em São Paulo. Lula afirmou que pretende brigar até o último dia de sua vida e que não vai se calar diante de ameaças.
"Duvido que tenha alguém nesse país que seja mais cumpridor da lei do que eu, que respeite mais instituições do que eu", afirmou depois.
Lula tornou-se réu na tarde desta sexta-feira, quando o juiz Ricardo Leite, da Justiça Federal do Distrito Federal, aceitou denúncia contra o ex-presidente, o ex-senador Delcídio Amaral e outros cinco investigados, todos acusados pelo Ministério Público de tentar obstruir a Operação Lava Jato.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Lula teria participado de uma trama para comprar o silêncio do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Crise econômica
O ex-presidente afirmou também que não tem a solução para tirar o Brasil da crise econômica, mas voltou a dizer que a recuperação passa pela ativação do consumo interno, por meio de uma política de expansão do crédito.
"Somos 204 milhões de brasileiros ávidos de adquirir muita coisa que não temos", argumentou.
Para Lula, o País precisa apostar em uma política de crédito, a exemplo do fez durante o seu mandato. "Temos de mudar a lógica", afirmou o petista, em referência ao ajuste fiscal prometido pela equipe econômica do governo de Michel Temer.
"Não precisa fazer curso de pós-graduação em economia na USP para saber disso, é só ser sindicalista e fazer campanha salarial que a gente sabe", defendeu.