Lula: foi a primeira acusação formal contra Lula nos três casos nos quais é investigado por supostamente ter recebido favores de empresas que integraram a rede de corrupção na Petrobras (Paulo Whitaker / Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2016 às 16h58.
Rio de Janeiro - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que as acusações apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) têm "motivação política", carecem de respaldo jurídico e são uma "farsa".
Os promotores acusaram Lula e sua esposa, Marisa Letícia, por corrupção passiva, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro, em uma investigação sobre o tríplex do Guarujá, que o ex-presidente negou reiteradas vezes ser de sua propriedade.
Foi a primeira acusação formal contra Lula nos três casos nos quais é investigado por supostamente ter recebido favores de empresas que integraram a rede de corrupção na Petrobras.
Além disso, o ex-presidente é acusado de tentativa de obstrução à Justiça, no caso sobre sua nomeação como ministro da agora ex-presidente Dilma Rousseff, e investigado pela posse de um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, acusação que também nega.
Lula respondeu às novas acusações por meio de sua conta na rede social Twitter com o mesmo comunicado que rebateu, em agosto, a denúncia formulada pela Polícia Federal contra ele e sua esposa pelo caso do apartamento do Guarujá.
No comunicado, a defesa as três acusações e acusa o MPF de não apresentar "nenhum elemento" que comprove que o apartamento em questão seja de propriedade de Lula. Segundo a nota, o ex-presidente só foi ao imóvel uma única vez, quando ele ainda estava em obras, porque cogitava comprá-lo, algo que não ocorreu posteriormente.
O tríplex foi construído pela OAS, uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção que desviou milhões da Petrobras.
A defesa de Lula também rejeita a acusação de que o ex-presidente ter cometido falsificação de documentos, que se refere ao fato de a OAS ter pagado durante cinco anos um depósito que guardou os presentes recebidos pelo ex-presidente nos oito anos que ficou no cargo.
Os advogados de Lula afirmam que "os bens do acervo presidencial integram o patrimônio cultural brasileiro, são de interesse público por definição legal, e não se tratam de bens privados de Lula, mas de documentos que a lei exige que sejam conservados".
A denúncia de lavagem de dinheiro, segundo a defesa, também não se sustenta porque Lula não é o autêntico proprietário do apartamento. Além disso, os advogados afirmam que não existem provas de que o dinheiro usado pela OAS na obra tenha procedido de atividades ilícitas.