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Lula diz não ter candidato à presidência da Câmara: ‘Espero que elejam o melhor’

Governo e PT atuaram nos bastidores nos últimos dias para unificar nomes na disputa

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

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Agência o Globo
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Publicado em 5 de setembro de 2024 às 17h22.

Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 17h34.

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Apesar da atuação do governo nos bastidores nos últimos dias para unificar as candidaturas à presidência da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que não possui um nome de preferência para ocupar o posto.

"O presidente Lula, presidente do Brasil, não tem candidato a presidente da Câmara. A presidência da Câmara é da responsabilidade dos partidos políticos e dos deputados federais. A presidência do Senado é da responsabilidade dos senadores e dos partidos políticos e do Senado", disse Lula, em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG), se referindo a si na terceira pessoa.

O presidente ainda afirmou que é ele quem precisa dos chefes das duas Casas Legislativas para governar e não o contrário.

"Ao presidente Lula, cabe responsabilidade de tratar bem qualquer que seja o presidente, porque o presidente da Câmara e do Senado não precisam do presidente da República. É o presidente da República que precisa deles. Então, eu sempre tratei com respeito e é assim que eu espero que a Câmara eleja o melhor, que o Senado eleja o melhor, para que a gente tenha dois anos de governo muito, muito, muito virtuosos a partir do ano que vem.

Apesar de tentar se distanciar da disputa da Câmara, Lula estava pessoalmente preocupado em evitar uma disputa entre os nomes que estavam colocados: Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA). Por isso, depois de receber sinalização do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em conversa no dia 28, de que Marcos Pereira poderia ser o nome de consenso para sua sucessão, o petista acionou a presidente do PT, Gleisi Hoffman, o líder do partido na Câmara, Odair Cunha (MG), e o líder do governo na Câmara, Guimarães, além dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) para conversarem com partidos em busca de um consenso em torno do deputado do Republicanos.

Depois de uma semana de atuação de governistas nos bastidores em favor de Pereira, a reviravolta provocada pelo lançamento de Hugo Motta (Republicanos-PB) na terça-feira foi festejada no Palácio do Planalto, já que a sua candidatura é considerada com mais chances de unificar o centrão e evitar uma disputa que poderia provocar fissuras na base governista. Motta é descrito como “jeitoso” por auxiliares do presidente.

Na avaliação de aliados, Lira se reuniu com Lula na noite de 28 agosto, no Palácio do Planalto, com a expectativa de que o presidente vetasse o nome de Elmar Nascimento (União-BA) para a sucessão. Lula, porém, respondeu que não tinha restrição a Elmar, mas ponderou a Lira ter ouvido relatos de que ele enfrentava algumas resistências na Câmara. Ainda na versão de auxiliares de Lula, foi aí que Lira disse que se Marcos Pereira conseguisse apoio do PSD e do MDB poderia ter seu aval para disputar.

Para integrantes do governo, Lira queria usar eventual veto de Lula a Elmar para induzir o aliado do União Brasil a desistir da candidatura, o que não ocorreu.

O primeiro sinal da entrada em campo do governo foi a decisão da bancada do PT de abandonar Brito e embarcar na candidatura de Pereira. Agora, a legenda deverá estar unificada com Motta.

Na terça-feira, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, esteve no Palácio do Planalto para uma conversa a sós com Lula em que reafirmou, como já havia feito diretamente a Marcos Pereira, que não retiraria a candidatura de Brito. A insistência de Kassab em manter o deputado de seu partido na disputa foi vista pelo Planalto como determinante para Pereira desistir.

Horas depois da reunião de Kassab com Lula, o deputado do Republicanos desembarcou em Brasília e se dirigiu direto do aeroporto ao gabinete de Lula para comunicá-lo da decisão de apoiar Hugo Motta. O ministro de Porto e Aeroportos, Silvio Costa Filho, representante do Republicanos no governo, participou da conversa.

Para o Planalto, Kassab foi o grande derrotado após a entrada de Motta na disputa e a candidatura de Brito saiu bastante enfraquecida.

Hugo Motta é conhecido dos articuladores políticos de Lula. Se aproximou do Palácio do Planalto durante a reforma ministerial de agosto do ano passado. Motta e Marcos Pereira atuaram diretamente para a entrada de Silvio Costa Filho no governo.

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