Brasil

Lula defende diálogo com o Centrão e diz que não vai interferir no Congresso

Lula se encontrou com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pela primeira vez desde que foi eleito

Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's former president, speaks during a campaign kick off event in Brasilia, Brazil, on Friday, July 29, 2022. Lula, who officially kicks off his campaign with a convention in Brasilia on Friday, has given his centrist running mate Geraldo Alckmin the mission to build bridges with rural leaders. Photographer: Gustavo Minas/Bloomberg via Getty Images (Gustavo Minas/Bloomberg via/Getty Images)

Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's former president, speaks during a campaign kick off event in Brasilia, Brazil, on Friday, July 29, 2022. Lula, who officially kicks off his campaign with a convention in Brasilia on Friday, has given his centrist running mate Geraldo Alckmin the mission to build bridges with rural leaders. Photographer: Gustavo Minas/Bloomberg via Getty Images (Gustavo Minas/Bloomberg via/Getty Images)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 20h34.

Após um dia de reuniões com autoridades em Brasília, nesta quarta-feira, 9, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse estar “convencido de que o Congresso não vai criar problemas” para discutir projetos e reforçou a necessidade de harmonia entre as instituições.

Ao longo do dia, Lula se encontrou com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pela primeira vez desde que foi eleito presidente, em 30 de outubro. Os dois parlamentares, segundo ele, demonstraram “muita disposição” para dialogar.

Lula não deu detalhes sobre a proposta de retirar despesas consideradas urgentes do teto de gastos em 2023, que deve ser apresentada ao Congresso nos próximos dias. Em relação à eventual resistência de parlamentares ao projeto, o presidente eleito disse acreditar que “tudo vai acontecer dentro de muita normalidade”. 

“Vocês poderão até ter surpresa de como as coisas vão acontecer sem tanta briga”, comentou Lula, ressaltando que ainda não é possível saber quem é oposição. “Tivemos apenas uma conversa com o presidente da Câmara e com o presidente do Senado. Há muita disposição dos dois, com concordância daquilo que estamos propondo”, reforçou.

O presidente eleito defendeu a necessidade de diálogo com quem pensa diferente dele e do PT. “Não tem que olhar o Congresso e ‘ah, o Centrão’. O Centrão é uma composição de vários partidos políticos que o PT tem que aprender a conversar, Alckmin tem que aprender a conversar, eu tenho que aprender a conversar”, acrescentou. 

"Nós não podemos ficar chorando, 'ah, vai gastar'. Muita coisa que as pessoas falam que é gasto, eu acho que é investimento. Saúde é investimento. Farmácia Popular é investimento. Investir na educação não é gasto, é investimento", disse Lula.

“O governante tem que ter clareza que ele tem que lidar com as pessoas que foram eleitas. A gente tem que lidar com pessoas que pensam diferente da gente, e nossa obrigação é tentar convencê-las das coisas que queremos que aconteçam no nosso país”

Luiz Inácio Lula da Silva

 

Lula evitou comentar sobre as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, que ocorrerão em fevereiro de 2023. Arthur Lira pretende ser reconduzido ao cargo. “Não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara nem do Senado”, disse.

O presidente eleito não anunciou nomes de futuros ministros e não confirmou que convidou Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, para comandar a Fazenda. A definição da Esplanada, segundo ele, só será tomada depois da viagem ao Egito, para participar da COP-27. Ele embarca na segunda-feira, 14.

Lula critica discurso ‘golpista’

Lula criticou as manifestações bolsonaristas registradas pelo país desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou o resultado das urnas, com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), no último dia 30 de outubro. “Ninguém vai acreditar em um discurso golpista de alguém que perdeu as eleições”, afirmou. 

"Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor do que aquilo que nós merecíamos ter de votos”, afirmou o presidente eleito. Lula defendeu investigação de quem está financiando os protestos que, para ele, “não têm pé nem cabeça”. 

O petista lembrou que saiu derrotado de três disputas pela Presidência e que, em nenhuma dessas ocasiões, desrespeitou o resultado das urnas. “Cada vez que eu perdia, eu ia para casa lamentar, ficava triste. Nunca entrei em depressão, porque corinthiano não entra em depressão. Mas eu ia lamentar, ficar quieto durante um tempo, pensar onde errei”, disse.

“Cabe ao presidente reconhecer sua derrota, fazer reflexão e se preparar para, daqui uns anos, concorrer outra vez. É assim o jogo democrático. É respeitar a decisão da maioria do povo brasileiro”, afirmou Lula.

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