Lula: "não acho que o resultado da Copa possa influenciar na questão eleitoral" (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2014 às 20h27.
São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou nesta quinta-feira que a Copa do Mundo possa influenciar nas eleições presidenciais de outubro, criticou o "terrorismo" midiático contra a organização do evento e disse que os protestos contra a competição foram "dizimados pelo povo".
Além disso, Lula considerou que a classe política no Brasil e nos organismos internacionais está "podre", motivo pelo qual é necessária uma reforma integral em nível global e local, e que é preciso convencer os jovens para que evitem "a negação da política" e se integrem a projetos coletivos.
Em diálogo com oito correspondentes internacionais em São Paulo, entre eles a Agência Efe, Lula reagiu dizendo que o Brasil está "orgulhoso da organização da Copa", da qual foi o mentor político em 2007, quando o país foi escolhido como sede.
"Não acho que o resultado (esportivo) da Copa possa influenciar na questão eleitoral. Eu fui eleito em 2002 vencendo o governo de então depois que a seleção venceu o Mundial e reeleito em 2006, após a eliminação na Alemanha", comentou.
Mesmo assim, Lula destacou a pesquisa divulgada hoje pela Datafolha na qual a presidente Dilma Rousseff recuperou 4 pontos percentuais nas intenções de voto, o que muitos atribuem à animação gerada na população pela Copa.
"A Copa do Brasil, mesmo com todo o terrorismo que fizeram, é a terceira com maior público da história, com todos os estádios cheios e bom futebol", acrescentou.
Segundo o ex-presidente, "sem o terrorismo que venderam talvez tivéssemos mais turistas. Falavam de caos nos aeroportos, em todos os lados, assaltos, mas o verdadeiro caos ocorreu com as seleções de Espanha, Itália e Inglaterra, que eram favoritas e saíram antes do tempo".
Lula afirmou ainda que muitas pessoas "queriam o fracasso da Copa" e citou o ex-jogador Ronaldo, que se declarou "envergonhado" pela organização uma semana antes da competição apesar de ser membro do Comitê Organizador Local (COL).
"Muitas pessoas não foram verdadeiras com o Brasil, tentaram vender desgraças. Neste país se trata bem a todos os estrangeiros. Se um estrangeiro que vem ao Mundial entra na casa de um pobre, não sai sem tomar um café ou de comer uma galinha", comentou.
O ex-presidente também negou que o dinheiro usado para a Copa tenha partido dos cofres públicos, mas sim de créditos que estão sendo cobrados, e lembrou que seu governo começou a "tirar o país do atraso" de séculos em termos de emprego, renda, educação e saúde pública.
"O povo aprendeu a distinguir a verdade da mentira", enfatizou após qualificar sua gestão como "uma revolução social" com a ascensão social de mais de 40 milhões de pessoas.
Sobre os protestos que se esperavam contra a Copa, Lula disse que as manifestações foram "dizimadas pelo povo brasileiro".
"Houve um momento de protestos e agora é o momento que o povo escolheu para ver a Copa, uma das nossas paixões nacionais. Em minha vida política carreguei todas as bandeiras de protestos, mas agora temos que protestar contra os rivais do Brasil", disse em tom jocoso.
Ao ser perguntado sobre a brutalidade policial em São Paulo e outras cidades contra os protestos, Lula respondeu dando como exemplo sua participação nos protestos contra o fechamento das minas na Inglaterra ou nas cúpulas do G8 nos Estados Unidos e Europa.
"O Mundial está sendo mais tranquilo que outros, graças ao povo brasileiro", opinou.
Lula terminou o diálogo com os jornalistas estrangeiros afirmando que, depois da Copa, parte da imprensa começará a falar sobre as demoras nas obras dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016.
"Todas as obras que foram feitas e que continuarão sendo feitas serão para o povo brasileiro. Não terminam com a Copa ou as Olimpíadas... No Rio deixarão a cidade ainda mais bonita", concluiu.