Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 08h47.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 10h13.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 5, que "quem deve cuidar de Gaza são os palestinos", ao comentar declarações de Donald Trump, que sugeriu que os Estados Unidos assumissem a responsabilidade pela região.
Durante entrevista a rádios mineiras, Lula classificou a situação em Gaza como um "genocídio" e defendeu a necessidade de reparação e reconstrução para os palestinos, além da consolidação de um Estado palestino e de Israel.
"As pessoas precisam parar de falar aquilo que vêm à cabeça e falar o que é razoável para que a gente possa consolidar o processo de respeitabilidade no mundo. O que aconteceu em Gaza foi um genocídio e eu não sei se os EUA, que faz parte de tudo isso, seria o país para tentar cuidar de Gaza. Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. Eles precisam de uma reparação para poder reconstruir suas casas e viver dignamente. Por isso defendemos a consolidação do Estado palestino, assim como do Estado de Israel", disse Lula.
Na terça-feira, 4, Trump concedeu uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que ficará em Washington até o próximo sábado, 8. Em sua declaração, o americano nunciou um plano controverso para a Faixa de Gaza, propondo que os EUA assumam o controle do território devastado pela guerra, removam a população palestina e transformem a área em uma espécie de "Riviera" no Oriente Médio.
O projeto inclui a demolição dos escombros, a neutralização de bombas não detonadas e a criação de um polo econômico para atrair investimentos e turistas.
"A América tomará conta da Faixa de Gaza. Possuiremos e reconstruiremos a região, eliminando os destroços e transformando-a em um lugar seguro e próspero", afirmou Trump. O presidente também sugeriu a possibilidade de enviar tropas americanas para garantir a estabilidade no território e reforçou que o objetivo seria um "projeto de longo prazo".
A proposta de Trump foi imediatamente rejeitada por países do Oriente Médio e por líderes palestinos. Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e a Liga Árabe condenaram a ideia, reforçando o direito dos palestinos à autodeterminação e à criação de um Estado independente.
Lula falou novamente sobre a relação com os EUA quando foi questionado sobre as declarações de Trump a respeito de uma possível taxação ao grupo dos Brics, caso o bloco econômico siga discutindo a possibilidade de negociar sem usar o dólar como moeda.
"Nenhum país pode brigar com todo mundo o tempo inteiro. Ele [Donald Trump] tem que saber que os Brics significam quase metade da população mundial, quase metade do comércio exterior mundial. Nós temos o direito de discutir uma forma de comercialização em que a gente não dependa só do dólar", disse o presidente. "Temos que discutir o que é importante para nós e para o mundo. Os EUA também precisam do Brasil e do mundo", complementou.
Outro tema abordado na entrevista foram as taxas anunciadas por Trump contra México e Canadá e a possibilidade de alguma taxação aos produtos brasileiros. Sobre isso, Lula disse que vai taxar os produtos dos Estados Unidos se o tarifaço implementado pelo presidente americano se estender ao Brasil. Segundo o brasileiro, a medida seguiria o princípio da reciprocidade.
"É o mínimo de defesa, o governo merece utilizar a lei da reciprocidade. Você tem na organização mundial do comércio uma permissão para que possa taxar qualquer produto até 35%. Para nós, o que seria importante seria os EUA baixar a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático", disse.
Com informações de O Globo