Lula: o petista voltou a criticar a proposta europeia (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 5 de julho de 2023 às 07h27.
Última atualização em 5 de julho de 2023 às 09h37.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá conversar, por telefone, nesta quarta-feira, 5, com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, sobre os detalhes do acordo entre Mercosul e União Europeia.
Durante a posse da presidência temporária do Mercosul, o petista disse que o acordo entre os blocos é um compromisso que não pode mais ser adiado e será uma das prioridades.
"Vou conversar com o presidente Pedro Sánchez e vou tentar estabelecer com ele uma relação para ver se a gente consegue... Nós temos, no Brasil, um material estudado, temos que enviar para todos os presidentes que compõem o Mercosul para que a gente possa avaliar e quem sabe convocar uma reunião de ministros [do Mercosul] para poder definir o texto que queremos apresentar [como contraproposta aos instrumentos adicionais da União Europeia]", disse Lula.
Sánchez assumiu a presidência do Conselho da União Europeia no último dia 1º, e segundo Lula, indicou que seria importante finalizar o acordo enquanto ele presidisse o bloco europeu. O mandato dos dois à frente dos blocos vai durar seis meses.
Lula voltou a criticar a proposta europeia e disse que os países do Mercosul não devem ser condenados "ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo".
"O instrumento adicional, apresentado pela União Europeia em março deste ano, é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente", frisou.
Em meio a tentativa de finalizar o acordo com a União Europeia, Lula terá que lidar com a resistência uruguaia em relação ao bloco. Em sinal claro de divergência, o Uruguai decidiu, pela quarta vez seguida, não assinar o comunicado conjunto dos titulares do Mercosul.
O Uruguai reclama do protecionismo do Mercosul, que considera exacerbado, e negocia de forma unilateral um tratado de livre-comércio com a China à revelia dos demais países do bloco. O país cobra mudanças no regimento interno para ficar no Mercosul.
No comunicado conjunto, Brasil, Argentina e Paraguai se comprometem em discutir mudanças, embora não citem diretamente as demandas do Uruguai.
No seu discurso de terça-feira, o petista sinalizou ao país vizinho ao falar que deseja avançar em acordos com Canadá, Coreia do Sul e Singapura. E deseja explorar novas frentes de negociação com China, Indonésia, Vietnã e países da América Central e Caribe. Isso, segundo ele, é essencial para derrubar barreiras ao comércio internacional, como o protecionismo.
Fundado em 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América Latina, surgida no contexto da redemocratização e reaproximação entre os países da região, ao final da década de 1980. Os países do Mercosul correspondem a 67% do território da América do Sul, o equivalente a 11,9 milhões de quilômetros quadrados. Os 270 milhões de habitantes do países do bloco equivalem a 62% da população sul-americana. Os países do Mercosul detêm 67% do PIB da América do Sul em 2021.