MORO x LULA: Esse foi o primeiro encontro dos dois após condenação de Lula no caso do tríplex (go Estrela/PMDB e Adriano Machado/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 13 de setembro de 2017 às 18h41.
Última atualização em 13 de setembro de 2017 às 19h21.
São Paulo - Nas considerações finais de seu depoimento para o juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o magistrado de agir com imparcialidade no caso do tríplex do Guarujá.
Na ação, julgada no último 12 de julho, o petista foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Nesta quarta, ele voltou a depor para Moro, desta vez, sobre a ação penal em que é acusado de ter recebido propina da Odebrecht para a compra de um terreno que seria destinado à construção da sede do Instituto Lula e de um apartamento vizinho ao que o ex-presidente reside em São Bernardo do Campo (SP). O depoimento durou 2h10.
Nos minutos finais do interrogatório, o ex-presidente acusou a Operação Lava Jato de preconizar uma verdadeira "caça às bruxas", que tem ele como principal alvo. "Fiquei sabendo de uma pessoa que foi prestar depoimento na Polícia Federal e que, de 28 perguntas, 26 foram do Lula", disse o ex-presidente.
E questionou Moro: “Vou chegar em casa amanhã, vou almoçar com 8 netos e uma bisneta de 6 meses. Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”, perguntou Lula.
Ao que Moro respondeu: “Primeiro, não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta para mim, mas de todo modo, sim”.
“Porque não foi o procedimento na outra ação”, rebateu Lula. Em resposta, Moro disse: “Eu não vou discutir a outra ação com o senhor, ex-presidente. A minha convicção é que o senhor foi culpado. Apresente suas razões ao tribunal. Se fossemos discutir aqui, não seria bom para o senhor”.
“Nós temos que discutir aqui. Vou continuar esperando que a Justiça continue a fazer justiça nesse país”, concluiu Lula. Enquanto Moro se restringiu a dizer: "Perfeito. Pode interromper a gravação".
Um pouco antes disso, o ex-presidente ainda citou o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci e cutucou a força-tarefa da Lava Jato ao lembrar o escândalo que envolve a delação da JBS.
"Vocês estão refém de uma coisa grave para o poder Judiciário. Nós estamos vendo o que está acontecendo com o Janot. Eu prestei depoimento para esse procurador", disse em referência ao ex-procurador Marcelo Miller, que é suspeito de passar informações privilegiadas para Joesley Batista no processo de delação premiada.
Em resposta, Moro disse: "Esse é um processo que envolve uma acusação específica, que não tem nada a ver com Brasília, não tem nada a ver com Janot, não tem nada a ver com a imprensa".
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