CPI da Covid no Senado (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)
Alessandra Azevedo
Publicado em 26 de setembro de 2021 às 09h00.
Com a previsão de apresentação do parecer em outubro, a CPI da Covid entra na fase final com a expectativa de convocação do dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, e de avanços na investigação a respeito da Prevent Senior, operadora de planos de saúde suspeita de ter prescrito kit covid sem informar os pacientes e omitido mortes em decorrência da covid-19.
Dois depoimentos estão marcados para a próxima semana: o de Hang, na quarta-feira, 29, e o da advogada dos médicos que denunciaram a Prevent Senior, Bruna Morato, na terça-feira, 28. A convocação de Hang foi aprovada em junho, mas o depoimento ainda não tinha sido marcado.
Com o desenrolar das investigações sobre a Prevent Senior e a participação do empresário bolsonarista no escândalo sobre disseminação de informações falsas a respeito de medicamentos sem eficácia para covid-19, os senadores decidiram ouvi-lo o mais rápido possível, na semana que vem.
A mãe do empresário, Regina Hang, cliente do plano de saúde, morreu em fevereiro após complicações da covid-19. No atestado de óbito, porém, a Prevent Senior não teria informado a causa da morte.
Os senadores vão questionar o dono da Havan sobre o atestado de óbito forjado. Hang é um grande defensor do presidente Jair Bolsonaro e do “tratamento precoce”, envolvendo o chamado “kit covid”, lista de medicamentos ineficazes para a doença.
Já Bruna Morato, a advogada que fez o dossiê com as denúncias da Prevent Senior, deve dar mais informações à CPI a respeito dos casos envolvendo a operadora de plano de saúde, investigada pela comissão por omitir mortes de pacientes em um estudo sobre a eficácia dos medicamentos do kit covid.
O dossiê releva uma série de irregularidades, denunciadas por médicos e ex-médicos da Prevent Senior. Segundo o documento, o plano de saúde teria feito um acordo com o governo Bolsonaro para testar os medicamentos do kit covid. O diretor da empresa, Pedro Benedito, negou a acusação e disse que nenhum óbito foi omitido.
Benedito, no entanto, confirmou que houve orientação para que médicos mudassem o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que foram internados com covid, depois de duas ou três semanas de internação, porque essas pessoas não transmitiam mais covid-19. Para senadores da CPI, isso significa que eventuais mortes desses pacientes não foram registradas como por decorrência da doença, o que pode ter gerado subnotificação.
Também havia expectativa de uma nova oitiva do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, após ele mudar a recomendação de vacinação para adolescentes, indicando apenas para os com comorbidades. Mas, como a pasta voltou atrás nessa decisão na última quinta-feira, Queiroga não deve ser ouvido mais.