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Lotados, hospitais no interior de SP já recusam novas internações

Média de ocupação dos leitos de UTI no estado atingiu 70,6% nesta quarta-feira,17, mas há sobrecargas pontuais que estão sendo atendidas

Hospital de campanha do Anhembi, na capital: cidades preveem fazer transferências (TIAGO QUEIROZ/Estadão Conteúdo)

Hospital de campanha do Anhembi, na capital: cidades preveem fazer transferências (TIAGO QUEIROZ/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de junho de 2020 às 11h48.

Última atualização em 18 de junho de 2020 às 11h51.

A taxa de ocupação dos leitos hospitalares por pacientes com o novo coronavírus atinge níveis preocupantes no interior de São Paulo. Alguns hospitais que são referência no tratamento da doença estão lotados, são obrigados a recusar novas internações e prefeitos já cogitam transferir pacientes para a capital.

Conforme a Secretaria da Saúde, a média de ocupação dos leitos de UTI no Estado atingiu 70,6% nesta quarta-feira,17, mas há sobrecargas pontuais que estão sendo atendidas com a abertura de novos leitos. Algumas das maiores cidades do interior, como Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, estão com lotação de leitos da covid-19 acima da média - em alguns casos com 100% de lotação.

Em Campinas, a rede municipal que atende o Sistema Único de Saúde (SUS) estava com os 120 leitos destinados a pacientes da covid-19 totalmente ocupados. Em toda rede pública e privada, a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para a doença chegou a 87%, o percentual mais alto até agora. Dos 328 leitos, 284 tinham pacientes, mas a maior parte dos leitos desocupados estava na rede particular. No SUS estadual, que inclui o Ambulatório Médico de Especialidades e o Hospital das Clínicas da Unicamp, 50 dos 57 leitos estavam ocupados - taxa de 88%. Na rede privada, a ocupação era de 77%.

Diante desse cenário, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), não descarta transferir doentes para a capital ou cidades da região, se não houver alívio na pressão sobre a rede hospitalar local.

"Quero lembrar que, quando São Paulo estava no sufoco, nós recebemos pacientes de lá. Estamos conversando, mas há uma situação logística a ser considerada. Se houver necessidade, o que ainda não aconteceu, preferimos transferir para cidades de médio porte da nossa própria região metropolitana, que receberam respiradores do Estado. Ainda não estamos fazendo, mas não é descartado", disse.

A prefeitura de Campinas informou que, a partir desta quinta-feira, 18, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Carlos Lourenço passará a ser exclusiva para internação de pacientes com a covid-19. A unidade terá 28 leitos, sendo três para estabilização de pacientes que precisam ser transferidos para UTI.

Ao anunciar um novo recorde de mortes em um dia, nesta quarta - mais 21 mortes, elevando o total para 185, além de 334 novos casos - o secretário de Saúde de Campinas, Cármino de Souza, disse que a situação é grave. "Estamos vivendo o pior momento da epidemia e o que nós podemos fazer é dar a melhor estrutura, a melhor atenção aos pacientes. Só temos uma arma eficiente neste momento: isolamento social", disse.

Em Sorocaba, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a covid-19 nos três hospitais públicos subiu de 70% no dia 1.º de junho para 95% nesta quarta-feira, 17, quando foram confirmados 219 casos de coronavírus. A Santa Casa, com maior número de leitos de tratamento intensivo na rede municipal, estava com lotação total. De acordo com o administrador, padre Flávio Miguel Junior houve um crescimento acentuado nas internações de pacientes com o vírus nos últimos dias. "Estamos conseguindo controlar, mas estamos no limite", disse.

O Conjunto Hospitalar de Sorocaba, com dez leitos, tinha 100% de ocupação. No Hospital Regional Adib Jatene, o índice era de 90%. Na cidade, desde o início de junho, a ocupação dos leitos de enfermaria subiu de 59% para 64%. O número de pessoas internadas com covid-19 ou suspeita subiu de 62 para 149, incluindo a rede privada.

Em São José do Rio Preto, com 142 casos positivos nas últimas 24 horas - recorde de infectados em um único dia -, a pressão sobre a rede hospitalar também aumentou. Segundo a prefeitura, 178 pessoas estavam internadas nesta quarta-feira com síndrome respiratória grave, sendo 70 em UTI. "No meio de maio, tínhamos 277 casos notificados de síndrome gripal leve por dia e agora, do dia 6 de junho para cá, tivemos aumento com um pico de 617 notificações em um dia. As pessoas estão procurando o serviço de saúde com sintomas", afirmou a gerente da vigilância epidemiológica Andréia Negri.

Em Ribeirão Preto, a taxa de ocupação de leitos de UTI que era de 85% caiu para 79% após a chegada de 32 respiradores, mas ainda está acima da média estadual. Os equipamentos chegaram na segunda-feira, 15, com escolta policial. O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) disse que os respiradores permitiram ampliar o número de leitos para tratamento exclusivo de pacientes com covid-19 na cidade. "Saímos de 121 leitos para 131 e chegaremos a 154 apenas em Ribeirão Preto. Isso significa retaguarda para os novos casos de internação e redução no percentual relativo de leitos ocupados".

A Santa Casa de Sorocaba informou ter recebido dez respiradores e está em diálogo com a prefeitura para ampliar os leitos de UTI. A direção do Conjunto Hospitalar informou que mais dez leitos devem entrar em operação este mês.

O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, disse que o governo estadual já distribuiu cerca de 2.800 respiradores para ampliar a oferta de leitos para pacientes graves da covid-19 no Estado. Outros 350 equipamentos estão para chegar e serão distribuídos às regiões que ainda precisam de suporte. Segundo ele, todas as regiões de São Paulo estão com leitos suficientes para atender à demanda atual e, se alguma região ultrapassar o limite de segurança, o Estado tem condições de mobilizar uma estrutura de apoio.

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