Operação Lava Jato: Polícia Federal prendeu executivos de empreiteiras e o um ex-diretor da Petrobras (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2014 às 16h17.
Rio de Janeiro - Apontado como operador de desvios para o PMDB, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é acusado de ter distribuído US$ 8 milhões em propinas à diretoria Internacional da Petrobras.
Em depoimento do seu acordo de delação premiada, o executivo do grupo Toyo Setal, Julio Camargo, descreveu "em detalhes (...) a forma de pagamento e a utilização por Fernando Soares, para recebimento de saldo de oito milhões de dólares em propina".
Fernando Soares está entre os alvos da sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, 14, que investiga esquema de lavagem de dinheiro. Nesta etapa, a Polícia Federal prendeu executivos de empreiteiras e o um ex-diretor da Petrobras.
As investigações apreenderam papéis, documentos e planilhas com menções a pagamentos e dívidas das empresas a Fernando Soares associados a datas, sem especificar o ano. No total, os apontamentos indicam valores de R$ 2,1 milhões.
Além desses valores, trechos do depoimento do executivo da Toyo Setal descrevem a distribuição de propinas na diretoria internacional.
Júlio Camargo ainda relata, em detalhes, episódio de pagamento de propinas por intermédio de Fernando Soares à Diretoria Internacional da Petrobras, na aquisição de sondas de perfuração pela Petrobras, inclusive revelando a forma de pagamento e a utilização por Fernando Soares, para recebimento de saldo de oito milhões de dólares em propina, das contas das empresas Techinis Engenharia e Consultoria S/C Ltda. e Hawk Eyes Administração de Bens Ltda"
O depoimento é citado no despacho em que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, autoriza as operações de busca e apreensão da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta.
O relatório foi elaborado a partir dos depoimentos das delações premiadas, dados de sigilo bancário e fiscal, além das investigações do Ministério Público Federal.
Ainda de acordo com o relatório, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef "declararam que o mesmo esquema criminoso que desviou e lavou 2% ou 3% de todo contrato da área da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás também existia em outras diretorias", citando as áreas de Serviços, ocupada por Renato Duque, e na área Internacional, dirigida por Nestor Cerveró. "Nestes desvios, atuavam outros operadores que não Alberto Youssef.
"Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, estava encarregado da lavagem e distribuição de recursos para agentes públicos relacionados ao PMDB", indica o relatório.
Em um trecho do depoimento de Alberto Youssef, o doleiro teria dito que "Fernando Soares operava com Paulo Roberto Costa, para o PMDB, e tinha quem operava a área de navios, que era o seu genro. E tinha um outro que se chamava Henri, que também operava quando o Partido Progressista".
Soares foi procurado pela PF nesta manhã, mas não foi localizado. A polícia já o incluiu na lista de procurados. Além da prisão, ele teve bloqueados os ativos de duas empresas que estariam em seu nome.
Elas são localizadas em Ribeirão Pires (SP) e no Rio de Janeiro. "A investigação revelou modus operandi consistente na utilização de empresas de consultoria para recebimento de propina", diz o relatório do juiz Sergio Moro.
De acordo com as investigações, há registros de fronteira indicando que Soares esteve fora do País durante todo o mês de outubro, com intervalo entre 24 e 27 de outubro. Segundo os investigadores há indícios de que as viagens foram "motivadas por receio do processo".