Edison Lobão: o ex-ministro afirmou que "repudia mais uma vez o reiterado vazamento de informações sigilosas e esclarece que está buscando o devido acesso legítimo e oficial a tais documentos perante o STF" (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de abril de 2017 às 18h33.
O senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão é acusado de ter recebido R$ 5,5 milhões em propina pela Odebrecht com o propósito de rever o resultado do leilão da usina de Jirau, para que a empreiteira de Marcelo Odebrecht assumisse o empreendimento.
Lobão, que recebe o nome de "Esquálido" nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht, teria cobrado uma contrapartida após reunião com os executivos da empreiteira.
"Ele sinalizava que iria nos ajudar. E que precisava de nossa ajuda, de propina", declarou o delator Henrique Serrano do Prado Valadares, ex-executivo da Odebrecht na área de energia.
"Marcelo acreditou nisso. Sem que ele (Lobão) entregasse nada, simplesmente para que ele fizesse um esforço de, usando nossos argumentos, que eram verdadeiros e absolutamente legais, ele criasse um contraponto na Casa Civil. Para isso surgiu um pagamento de R$ 5,5 milhões. Com certeza, caixa 2", afirmou o delator.
O caso se deu em 2008.
A Odebrecht liderava um consórcio que disputava a usina e ameaçava ir à Justiça para questionar a proposta do consórcio vencedor do leilão, Energia Sustentável do Brasil, liderado pela empresa Suez.
"Havia reuniões entre as empresas. Marcelo perdia a cabeça com o cinismo do pessoal da Suez e queria bater no cara", referindo-se ao presidente do grupo Suez no Brasil, Maurício Bähr.
Para Marcelo Odebrecht, a Suez teria feito um acordo com a Casa Civil para permanecer no negócio. Maurício Bähr teria "jurado pelos filhos" que não tinha feito acordo nenhum.
"O Marcelo chegou para ele e disse: Maurício, você está sendo patético", contou o delator, acrescentando que Lobão chegou a apartar os dois.
O pagamento da propina, afirmou Valadares, foi feito em algumas ocasiões, com entrega de dinheiro diretamente na casa do filho de Lobão, Márcio Lobão, no Rio de Janeiro. Em fevereiro, a Polícia Federal fez busca e apreensão na residência de Márcio.
Sobre o ex-senador Lobão Filho, o delator afirmou que, em encontros em São Paulo, ele falava que podia ajudar a Odebrecht em obras, mas que isso exigia contrapartidas da empreiteira.
Em suas reuniões com o ministro Lobão em Brasília, Valadares disse que era recebido no gabinete com gaspacho, uma tradicional sopa espanhola. "Ele é magro que nem um palito, e se alimenta a base de gaspacho", disse Valadares.
Depois de acertar os pedidos e propinas, disse o delator, Lobão pedia para que o "fiscal" entrasse no gabinete, para registrar os temas e discussões feitas durante o encontro.
Em nota, por meio dos seus advogados, Edison Lobão afirmou que "repudia mais uma vez o reiterado vazamento de informações sigilosas e esclarece que está buscando o devido acesso legítimo e oficial a tais documentos perante o STF", afirmou.