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Lira diz não acreditar em terceira via e vê eleição polarizada em 2022

Para o presidente da Câmara, candidatos dos polos podem tender a posicionamentos mais ao centro e disputa presidencial deve repetir cenário visto no Brasil em eleições anteriores

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, participou da 22ª edição do CEO Conference Brasil, evento promovido pelo banco BTG Pactual (Adriano Machado/Reuters)

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, participou da 22ª edição do CEO Conference Brasil, evento promovido pelo banco BTG Pactual (Adriano Machado/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 25 de maio de 2021 às 12h05.

Última atualização em 25 de maio de 2021 às 18h14.

Para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a eleição presidencial de 2022 não terá espaço para uma terceira via. O parlamentar acredita que o pleito repetirá o modelo polarizado que houve no Brasil na maior parte das disputas presidenciais desde a redemocratização. Em sua avaliação, os candidatos dos dois polos devem tender a posicionamentos mais ao centro para disputar os votos da população.

"Não acredito no Brasil em terceira via. Não houve desde 1989. O mais próximo que já se chegou foi com Marina Silva em 2014, porém na eleição seguinte já dissolveu como candidata", afirmou o deputado na 22ª edição do CEO Conference Brasil, evento promovido pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), nesta terça-feira, 25.

Lira evitou dar prognósticos relacionados às pesquisas eleitorais mais recentes, pois em sua avaliação o presidente Jair Bolsonaro está em seu pior momento, enquanto o seu potencial oponente na eleição, o ex-presidente Lula, estaria em seu melhor. "Então a análise de quem estará melhor ou pior daqui um ano é muito relativa", disse.

"Pesquisa é um retrato do momento. Estamos numa complicação de vacinas, numa ausência, passaram-se três meses sem o auxílio emergencial, com uma população mais carente privada", afirmou.

Na última pesquisa EXAME/Ideia, divulgada na sexta-feira, 21, o ex-presidente apareceu na liderança das intenções de voto. Em um cenário de segundo turno entre ele e Bolsonaro, Lula tinha 45% das intenções contra 37% do atual presidente.

O presidente da Câmara vê uma guinada ao centro dos posicionamentos dos dois candidatos, sem uma terceira opção que ocupe o campo político. "Os dois irão convergir para o centro e o centro vai escolher qual o melhor para governar em 2022", disse.

Antes que a agenda política torne à disputa eleitoral, no entanto, o presidente da Casa afirmou que deseja aprovar as reformas tributária e administrativa que tramitam no Congresso. "É lamentável que percamos essa janela de 2021 açodando uma disputa de 2022", disse.

Agenda de reformas

O deputado reforçou que, entre as pautas que tramitam na Câmara, o principal legado que pretende deixar é o andamento das duas reformas.

A administrativa, que propõe mudanças no serviço público, como o fim da estabilidade para a maioria das carreiras e revisão de benefícios, teve a admissibilidade aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça. Depois de aprovada na comissão, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que trata do assunto, será encaminhada a uma comissão especial que discutirá o conteúdo da matéria.

Já a reforma tributária ainda está com o calendário incerto. Na segunda, Lira se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tratar do andamento de seu projeto de discussão e aprovação de uma reforma fatiada. O presidente da Câmara reforçou que pretende dar andamento à reforma, mas defendeu que o procedimento não seja feito de forma "açodada".

"Se todos tivemos a paciência para esperar 24 meses um relatório, não podemos nos açodar na hora de discutir e dizer como vão ser votados os procedimentos", afirmou. "Temos que fazer uma reforma possível para o momento, que simplifique, desburocratize, não aumente a carga tributária e dê segurança jurídica. Se alcançarmos pelo menos 3 desses 4 pilares vamos entregar um legado para a população brasileira", disse.

O deputado sugeriu que a discussão comece pelo Projeto de Lei enviado pelo governo com a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) na Câmara dos Deputados, por meio infraconstitucional, e que a discussão do Refis, programa de refinanciamento de débitos tributários, seja feita no Senado. Lira mencionou também a possível discusão, em etapas seguintes, do imposto de renda de pessoa física e jurídica e da tributação de lucros e dividendos.

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