Câmara: oposição, no entanto, aliada a alguns integrantes da base do presidente interino Michel Temer, deixou a reunião em protesto (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2016 às 21h01.
Brasília - A maioria dos líderes da Câmara dos Deputados definiu, em tensa reunião no fim da tarde desta quinta-feira, que a eleição para a presidência da Casa ocorrerá na tarde da próxima terça-feira, apesar de decisão anterior do presidente em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), que havia marcado a deliberação para a quinta-feira da semana que vem.
A oposição, no entanto, aliada a alguns integrantes da base do presidente interino Michel Temer, deixou a reunião em protesto, denunciando o que consideraram uma manobra para ajudar o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à presidência da Câmara nesta quinta.
“Essa foi a posição da maioria dos líderes, que representam 280 deputados”, disse o líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE), garantindo que o governo não terá ingerência no processo, nem no caso de Cunha, que é alvo de um processo que pede a cassação de seu mandato.
“O que queremos é resolver o problema do novo presidente da Casa, para que possamos ter estabildade na Casa, para votar as matérias de interesse”, afirmou o líder governista.
A irritação dos membros da oposição aconteceu porque, ao mesmo tempo em que lideranças reuniam-se em um dos plenários de comissões para definir a data da disputa pelo comando da Câmara, foi divulgada a notícia que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PMDB-PR), cancelou a reunião do colegiado da segunda-feira, quando estava prevista a análise do recurso de Cunha contra seu processo de cassação.
A nova sessão da CCJ foi marcada para a tarde da terça-feira, justamente o dia escolhido pelos líderes para a eleição da presidência da Câmara. Pelo regimento da Casa, não pode haver votações nas comissões durante a ordem do dia no plenário. Assim, a análise do recurso de Cunha provavelmente seria adiada.
“Evidentemente que é um jogo combinado”, apontou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ). “Eles estão achando que a gente é bobo”, afirmou, acrescentando que a nova oposição já coletava assinaturas para convocar uma reunião da CCJ na segunda-feira.
O próprio Moura argumentou que preferia que a eleição fosse realizada na segunda, mas que a definição da data coube à maiora dos líderes.
A divergência sobre as datas de eleição trouxe tal tensão à reunião desta quinta que alguns líderes deixaram o plenário em protesto. Aqueles que participaram das conversas garantem, no entanto, que o confronto deu-se apenas sobre o dia da disputa, e que nem chegaram a discutir nomes para o posto.
Apenas na base do governo Temer são ventilados mais de dez pré-candidatos. A nova oposição também pode apresentar um nome ou mesmo apoiar um candidato de um partido que era oposição à presidente afastada Dilma Rousseff.
A estratégia visa dar força a um candidato que não seja ligado a Cunha.
Adicione-se ainda a esse quadro a apresentação de um aditamento ao recurso de Cunha na CCJ, que pode fazer o processo por quebra de decoro parlamentar voltar para o Conselho de Ética, que já aprovou um parecer pela cassação do mandato do deputado.
O complemento apresentado por Cunha aponta que um dos motivos para a cassação dizia respeito justamente ao fato de ele ocupar a presidência da Câmara.
Com a renúncia, pede o aditamento, que o caso seja novamente avaliado pelo Conselho de Ética.