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Líderes do PCC poderão ir para prisão de Mossoró

Nesta terça-feira, ocorrerá a primeira reunião entre autoridades federais e estaduais após o bate-boca público entre José Eduardo Cardozo e Antônio Ferreira Pinto


	O governo federal espera por uma lista de criminosos que o Estado pretende isolar. A partir daí, será feita a logística da transferência em um prazo mínimo de 48h a 72h
 (Giuseppe Cacace/AFP)

O governo federal espera por uma lista de criminosos que o Estado pretende isolar. A partir daí, será feita a logística da transferência em um prazo mínimo de 48h a 72h (Giuseppe Cacace/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 13h43.

Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, levará à reunião desta terça-feira com o governo de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, um relatório de inteligência da Polícia Federal com raio X do PCC. Cardozo oferecerá ainda 300 vagas em presídios de segurança máxima. Já o Estado pretende usar essas vagas para o envio de criminosos que se envolverem em mortes de agentes públicos - neste ano, já foram assassinados 90 PMs e 3 agentes penitenciários.

Quatro unidades - Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR) - totalizam 832 vagas, das quais 500 estão ocupadas. A unidade com mais vagas disponíveis é Mossoró. É também a mais odiada pelos detentos - nesta época, o calor lá passa dos 35°C e recentemente houve problema de abastecimento de água.

O governo federal espera por uma lista de criminosos que o Estado pretende isolar. A partir daí, será feita a logística da transferência em um prazo mínimo de 48h a 72h. A União também oferecerá apoio logístico e de inteligência, por meio de técnicos da Receita e do Sistema Brasileiro de Inteligência (Abin).

Há expectativa, não confirmada, de que o chefão criminoso Marcos Camacho, o Marcola, seja incluído na lista. Ele comandou em 2006 a última grande onda de violência desencadeada em São Paulo, com a ajuda de outros líderes dentro dos presídios estaduais.


Na ocasião, ele e outros criminosos foram transferidos para presídios de outros Estados, mas a ação resultou em mais violência porque os bandidos continuaram fazendo as ordens chegarem aos comparsas. Caso a transferência ocorra, será a primeira vez que detentos paulistas serão isolados em bloco nos presídios federais. O relatório a ser entregue pelo governo federal mostra o modo de atuação do grupo hoje, como ele faz circular seus recursos e um perfil dos seus principais líderes dentro e fora das prisões.

Estrutura

Dotados de modernos equipamentos de vigilância e controle, os presídios federais são considerados fortalezas quase inexpugnáveis. Até agora, não houve nem sequer um caso de fuga ou rebelião nem registro de detento comandando ações de dentro da cela.

Nesses presídios, os detentos só têm contato com advogados, nos parlatórios, e com o cônjuge, nas visitas íntimas.

A revista e o controle são tão rigorosos que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez queixa formal ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra juízes que têm autorizado a interceptação do contato de advogados com clientes. Há câmeras espalhadas por todo o espaço penitenciário e até os contatos de agentes carcerários e presos são gravados.


Nesta terça-feira, ocorrerá a primeira reunião entre autoridades federais e estaduais após o bate-boca público entre Cardozo, que diz ter oferecido ajuda federal a São Paulo em reunião em junho, e o secretário de Estado da Segurança paulista, Antônio Ferreira Pinto, que alega que a visita foi só de cortesia.

A troca de farpas só terminou com a intervenção da presidente Dilma Rousseff, que telefonou para Alckmin e combinou com ele a articulação de um plano de segurança, com tropas federais e estaduais juntas, como ocorreu no Rio e em Alagoas.

Diante da gravidade da situação, Cardozo mobilizou toda a cúpula do ministério para a reunião. O diretor-geral da PF, Leandro Coimbra, teve de cancelar participação no encontro anual da Interpol, em Roma, para estar em São Paulo. Também foram convocados os diretores da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice do Nascimento, e do Departamento Penitenciário, Augusto Rossini, além da secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki.

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