Brasília - O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse não ver problema no pedido do PT para que a CPI da Petrobras investigue irregularidades na estatal também durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Não vejo nenhum problema, desde que haja conexão entre os fatos", disse Sampaio. No entanto, o líder condicionou a ampliação da investigação ao depoimento do ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, que acusou o PT de receber entre US$ 150 e US$ 200 milhões em propina oriunda de contratos da empresa. Barusco deve ser convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito, que deve ser instalada na próxima quinta-feira, 26.
"Se o Pedro Barusco disser que há uma conexão com a época do governo do PSDB, temos que retroagir por uma questão muito simples: corrupção não tem coloração partidária", afirmou o líder.
A CPI foi criada para investigar denúncias de corrupção na estatal no período entre 2005 e 2015. A oposição alega que foi naquele ano que começou a negociação para a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, embrião da crise da estatal. O PT precisará aprovar no plenário da CPI a solicitação de ampliação do período a ser investigado.
"Não vamos retroagir porque eles (PT) estão fazendo requerimento. Só vamos retroagir se houver conexão. E, para demonstrar conexão, o Pedro Barusco tem que ser ouvido nesta CPI", disse Sampaio.
Bendine
Apesar de não ver necessidade de convocar o atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, para prestar esclarecimentos à CPI da Petrobras, Carlos Sampaio disse não descartar a possibilidade de convocá-lo para falar em outras comissões. O vice-presidente da área internacional do Banco do Brasil, Allan Toledo, disse ao Ministério Público Federal que Bendine deu carona à socialite Val Marchiori e a outras duas pessoas em um jatinho a serviço do banco em uma viagem oficial a Buenos Aires em 20 de abril de 2010.
"É provável que chamemos assim que as comissões forem instaladas", disse o líder tucano, que também cobrou esclarecimentos a respeito de um empréstimo de R$ 2,7 milhões feito à empresa da socialite em 2013, contrariando normas do banco.
"As coisas estão se cercando de forma contrária a tudo o que disse o Bendine até agora. A tendência é que o Ministério Público avance na investigação e daí sim vamos descobrir se houve esse voo e, se aconteceu esse voo, evidentemente se deu de forma irregular, porque ela não faz parte do banco, não tinha porque participar de uma negociação e nem pegar uma carona neste avião", afirmou o deputado.
Para o líder do PSDB, o suposto envolvimento de Bendine em escândalos é prejudicial à estatal. "A indicação dele já foi ruim para Petrobras. Ele não era nenhum dos técnicos reconhecidamente como uma pessoa preparada para comandar a Petrobras. Foi escolhido por falta e opção."
Ajuste fiscal
Carlos Sampaio disse ainda que, "se depender da oposição", o ajuste fiscal proposto pelo governo federal "não será aprovado". "A presidente Dilma não fez a sua lição de casa. Não cortou os gastos, não reduziu ministérios e apresentou um pacote onerando a sociedade brasileira, onerando o contribuinte. Isso não vai ter guarida no Congresso Nacional", afirmou.
Para o líder do PSDB, o esforço de ministros e da própria presidente Dilma Rousseff nesta semana para reorganizar a base de sustentação do governo e garantir a aprovação dos projetos não vai surtir efeito.
"A tendência da base aliada é distanciar-se do governo porque ele está com medidas impopulares, tendo ações que trazem desgaste ao governo. Seria a mesma coisa que dizer que a presidente Dilma está convidando sua base aliada para um abraço de afogados. Ou seja, as pessoas não querem se envolver com um governo que não está dando certo", disse Sampaio.
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1. Tempos difíceis
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1/9 (Divulgação/EXAME)
São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a
Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
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2. Operação Lava Jato
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2/9 (Arquivo/Agência Brasil)
Deflagrada em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
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3. Fornecedores na mira
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3/9 (Germano Lüders/Exame)
Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já
decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram
demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
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4. Balanço incompleto
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4/9 (REUTERS/Paulo Whitaker)
O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
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5. Mudança de comando
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5/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Dias depois da divulgação dos resultados,
Graça Foster e outros cinco diretores da companhia
renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de
Aldemir Bendine para o cargo. Tido como
um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
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6. Acidente fatal
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6/9 (REUTERS/Gabriel Lordello)
Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a
morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.
A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa, caso fique comprovado erro de operação.
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7. Revolta dos acionistas
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7/9 (Scott Eells/Bloomberg)
Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos,
uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
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8. Dívidas em dólar
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8/9 (Scott Eells/Bloomberg)
O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
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9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple
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9/9 (Divulgação)