Delegado Waldir (Agência Brasil/Agência Brasil)
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 15h45.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 18h25.
São Paulo - O líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), chama o presidente Jair Bolsonaro de "vagabundo" e diz que vai "implodir" o presidente em áudio divulgado nesta quinta-feira (17).
“Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Não tem conversa. Eu implodo ele. Eu sou o cara mais fiel. Acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa p*, eu andei no sol em 246 cidades para defender o nome desse vagabundo”. Logo em seguida, alguém não identificado o alerta: "Cuidado com isso, Waldir."
O áudio, que é de uma reunião realizada na tarde desta quarta-feira (16), foi obtido pelo Estadão e pelo Antagonista e confirmado por Waldir.
A reunião em questão era com deputados ligados a Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, que resistem a uma ofensiva do grupo ligado a Bolsonaro de consolidar o controle do partido.
Dois parlamentares relataram ter recebido os pedidos em reunião com o próprio presidente no Palácio do Planalto. "Os meninos chegaram lá e o presidente disse: 'Assina se não é meu inimigo'", diz uma das presentes. "Eu não consegui não assinar", responde o deputado Luiz Lima (PSL-RJ). O deputado Loester Trutis (PSL-MS) também diz ter sido pressionado.
A "gravação dele" citada por Waldir se refere a um áudio de Bolsonaro, divulgado ontem, em que ele pede para deputados assinarem uma lista para tirar Waldir da liderança do partido na Câmara e colocar seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, no posto.
O presidente depois reclamou do vazamento: "Eu não trato publicamente deste assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou telefone, primeiro é uma desonestidade", afirmou. "Eu falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram uma de jornalista? Eu converso com os deputados."
A tentativa de depor Waldir deu certo mas a vitória foi breve, já que o grupo contrário apresentou uma nova lista e conseguiu manter Waldir no cargo.
"A gente foi tratado que nem cachorro desde que ele ganhou a eleição. Nunca atenderam a gente em p***** nenhuma", diz um deputado na reunião gravada.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Franceschini (PSL-PR), critica uma tentativa da cúpula do DEM, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de promover uma fusão com o PSL. Ele afirma que bancada deveria mostrar maior unidade em defesa do partido e de Bivar.
"Eu estou tentando segurar essa p.. porque eu não quero que aconteça. Se a bancada passar o recado que não está com o partido, eles vão fazer a fusão e vão liberar todo mundo aqui sem levar fundo, sem levar p... nenhuma. E o Democratas vai ficar com o dinheiro de todos vocês aqui", afirmou.
O PSL tem, hoje, 53 deputados e o DEM, 27. Juntos, teriam 80 deputados e se tornariam a bancada mais forte da Câmara.
(Com Estadão Conteúdo)