Rua 25 de março, no centro de São Paulo. (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 18h25.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 19h12.
Liberar ou não o uso de máscara? Esse é o dilema de todos os governos durante a pandemia de covid-19. O item de segurança é considerado fundamental no controle da doença, e geralmente é o último passo para uma volta à normalidade pré-coronavírus. Estados Unidos e países europeus já tiveram essa experiência e precisaram voltar com a máscara, após a variante ômicron elevar os casos a patamares jamais atingidos.
E no Brasil não é diferente. Governos estaduais e prefeituras debatem o tema constantemente para escolher o melhor momento para retirar a máscara, pelo menos em locais abertos. O estado de São Paulo já quis fazer este movimento no fim do ano passado, mas voltou atrás após a explosão de casos de covid-19. Para o secretário da Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, é preciso ter responsabilidade.
“Nós sempre nos utilizamos de dados para definir estratégias. A população confia muito naquilo que o governo determina. Por isso, temos de ter uma responsabilidade muito grande antes de fazer uma liberação como essa porque é sem volta. Se eu não justificar essa volta, vou ter uma desobediência civil. Estamos avaliando bem os números, para que no momento oportuno tomemos esta decisão, sem a necessidade de recuo”, disse ele em entrevista exclusiva à EXAME.
O decreto estadual de São Paulo determina que o uso obrigatório de máscara vale até o dia 31 de março, mas internamente, dentro da equipe de saúde, o debate é constante. Há uma expectativa de que após o Carnaval, o governo defina uma data de quando isso ocorra, ou se vai manter por mais um período o item de segurança.
Os números dão sinais de queda, mas ainda estão muito altos. Segundo dados do próprio governo estadual, a média diária de casos de covid-19, contabilizada com números dos últimos sete dias, está acima de 12 mil, um dos mais altos da pandemia. A média de mortes está em 553, número que remete ao começo da pandemia, e longe do pico que passou de 3 mil. Nas últimas três semanas, as internações de pessoas com coronavírus no estado de São Paulo tiveram uma queda de 56%.
Apesar de os desfiles das escolas de samba e dos blocos de Carnaval terem sido suspensos em boa parte das capitais do país, festas particulares estão liberadas nas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. Para o coordenador do Comitê Científico do estado de São Paulo, João Gabbardo, após a festa popular os casos e mortes de covid-19 devem piorar se houver muitas aglomerações.
"Todos os desfiles foram cancelados, postergados. É importante que a população entenda que estamos em momento de declínio da doença, com redução de casos e de internações. Provavelmente teremos a redução no número de óbitos. Só manteremos a tendência se mantivermos o mesmo comportamento de não aglomerar, incluindo no Carnaval. A aglomeração traz uma consequência: uma piora nos nossos indicadores", alertou ele em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes na semana passada.
O secretário Jean Gorinchteyn diz que as vigilâncias sanitárias vão fazer fiscalizações durante o período de Carnaval para verificar se os eventos e pessoas estão cumprindo as regras de vacinação completa e uso obrigatório de máscaras. Além disso, vai monitorar todos os indicadores para avaliar se há necessidade de mais medidas de controle.